Carlos A. Moreno.
Rio de Janeiro, 29 abr (EFE).- Os países latino-americanos devem investir em inovação para aproveitar o que se considera como potencial década da região e, assim, atingir os níveis de desenvolvimento da Ásia, coincidiram nesta sexta-feira os participantes do Fórum Econômico Mundial para a América Latina.
Segundo os líderes políticos e empresariais que participaram da sexta edição do fórum regional, que terminou nesta sexta-feira no Rio de Janeiro, a América Latina é a segunda região que mais cresce no mundo, atrás apenas da Ásia, mas ainda tem de investir em educação, ciência, tecnologia e inovação para chegar ao primeiro lugar.
"Temos de passar da exportação de matérias-primas e da manufatura à exportação de serviços de maior valor agregado, como tecnologias de comunicação e informação, software e biotecnologia", afirmou o presidente da República Dominicana, Leonel Fernández, ao discursar na cerimônia de encerramento do encontro.
O líder dominicano disse que a América Latina tem um "grande futuro pela frente e uma década de crescimento", porque possui recursos naturais abundantes, especialmente energéticos, minerais e alimentares, que estão atualmente entre os mais demandados do mundo, especialmente pela China.
Fernández acrescentou que, embora essas riquezas possam garantir o crescimento da região nos próximos anos, a América Latina não pode se limitar a ser exportadora de matérias-primas e tem de investir em inovação para criar valor agregado a seus produtos.
"Temos razões para esperar que esta década seja a década da América Latina, mas, para que consigamos um desenvolvimento sustentável, temos de vincular a pesquisa, ciência e tecnologia com o setor produtivo", destacou o secretário de Economia do México, Bruno Ferrari de García de Alba.
Segundo ele, os Governos da região precisam iniciar prioritariamente políticas de incentivo à inovação.
O secretário mexicano disse que, somente superando desafios como o da educação e inovação, a América Latina poderá "aproveitar as oportunidades que surgem e tornar realidade a previsão de que esta é a década da região".
Para o presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno, a região avançou muito nos últimos anos no que diz respeito à redução da pobreza e das desigualdades, e agora enfrenta novos desafios para garantir seu desenvolvimento sustentável.
Moreno citou as políticas distributivas de países como México e Brasil, que permitiram, no caso deste último, que 30 milhões de pessoas saíssem da pobreza.
"Isso possibilitou o surgimento de uma significativa classe média, com apetite de novidades e serviços, mas que requer educação e qualificação", declarou.
O presidente da fabricante brasileira de aviões Embraer e copresidente do Fórum Econômico, Frederico Fleury Curado, pediu também aos Governos latino-americanos que adotem políticas de incentivo à ciência e tecnologia. Para ele, as empresas não podem esperar que a inovação seja financiada apenas com recursos públicos.
"Sem inovação, não há desenvolvimento. Mas temos de entender que não se trata somente de uma responsabilidade do setor público, mas de um esforço mútuo", enfatizou.
"Concordo que esta seja a década da América Latina se pudermos aproveitar as oportunidades e cooperar inclusive na inovação", acrescentou.
Nesse sentido, ele citou a iniciativa da Embraer de assinar acordos com empresas de países como Colômbia, Argentina e Chile para desenvolver em conjunto o novo avião de transporte militar que pretende lançar para competir com o americano Hércules.
"Estamos buscando outras empresas que queiram compartilhar o investimento e participar da inovação", disse Curado, ao defender acordos de cooperação em inovação entre os Governos e as empresas da América Latina.
A presidente da companhia americana Bain & Company e também copresidente do Fórum, Orit Gadiesh, destacou que os casos mais bem-sucedidos da América Latina são justamente os que investiram no setor de inovação.
Ela citou a tecnologia desenvolvida pela Petrobras para explorar as reservas de petróleo descobertas em águas profundas do Atlântico e as inovações agrícolas que transformaram o Cerrado brasileiro no maior celeiro mundial. EFE