São Paulo, 8 mai (EFE).- Uma missão de empresários e representantes do Governo argentino se reuniu nesta terça-feira em São Paulo com industriais brasileiros para promover negócios e investimentos no país como uma saída aos atritos comerciais existentes.
"Estabelecemos relações muito boas entre as empresas participantes e caminhamos juntos para conseguir ações concretas, pois todos os empresários argentinos, sem destacar um setor em particular, concorrem no mercado brasileiro", disse à Agência Efe, Beatriz Paglieri, secretária de Comércio Exterior da Argentina.
A comitiva argentina, formada por 580 pessoas, se reuniu com representantes de empresas de vários setores associadas à Federação de Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Beatriz evitou dar detalhes sobre os resultados do encontro entre os empresários argentinos, de 330 companhias, e os cerca de 400 representantes das 270 empresas brasileiras.
"Ainda não temos como avaliar o volume dos negócios, mas viemos ao Brasil com muitas intenções", apontou a secretária, que junto ao secretário de Comércio Interior, Guillermo Moreno, liderou a delegação argentina na rodada de negócios.
A Fiesp, que organizou o encontro em conjunto com o Governo da Argentina, divulgou durante o evento um estudo que aponta que 24% das empresas brasileiras não importam da Argentina por falta de conhecimento.
O estudo analisou 221 empresas brasileiras e indicou que 45% delas considera "viável"ou "muito viável" a substituição de suas importações de produtos argentinos em um prazo de três a cinco anos. "Poderíamos comprar mais da Argentina", afirmou Pablo Skaf, presidente da Fiesp, que defendeu a abertura da indústria naval brasileira para os estaleiros do país vizinho.
Para Skaf, o Brasil tem que vender mais para o mercado argentino, mas também deve comprar mais produtos e serviços do país, sem deixar de dar prioridade às próprias empresas brasileiras. "Queremos que as companhias brasileiras deixem de comprar de países terceiros para que passem a comprar mais à Argentina", ressaltou.
Brasil e Argentina discutem diferenças e impedimentos comerciais impostas pelo Governo argentino sobre produtos específicos para proteger a indústria nacional e que, segundo os empresários brasileiros, afetam as relações comerciais entre os principais membros do Mercosul.
Segundo os números brasileiros, o comércio entre os dois países cresceu 20,2% no ano passado e alcançou um total de 39,6 bilhões de dólares, com um superávit para o Brasil de 5,8 bilhões de dólares. Segundo Skaf, o equilíbrio "maior" da balança comercial e o aumento do fluxo de negócios eliminarão "naturalmente" as barreiras impostas.
Os setores com maior representação no encontro foram os de alimentos e bebidas, peças de automóveis, farmacêutico, químico, naval e de máquinas. EFE