Adriana Flores Bórquez.
Atenas, 7 mai (EFE).- O Governo grego reafirmou neste sábado que não pensa em abandonar o euro, embora a imprensa econômica grega sustente que Atenas solicitou a seus sócios membros de divisa mais tempo para sanear sua economia.
Entre os persistentes rumores de que o país deverá renegociar sua enorme dívida soberana para enfrentar os credores, o primeiro-ministro, Giorgos Papandreou, reiterou neste sábado que "não foi discutida a saída da Grécia do euro" em reunião em Luxemburgo na sexta-feira à noite com importantes membros do Eurogrupo.
A publicação de uma notícia na véspera pelo portal digital do semanário alemão "Der Spiegel", de que a Grécia cogitava deixar a zona do euro, levou intranquilidade aos mercados em um momento em que os sócios europeus da Grécia temem que a dívida grega prejudique toda a zona do euro.
Papandreou taxou neste sábado de "irresponsável os que tiveram a intenção de semear o medo, inclusive com o propósito especulativo".
"Peço a todos que deixem a Grécia em paz, tanto quem está dentro quanto fora do país, especialmente na União Europeia, para que a Grécia possa fazer seu trabalho", disse Papandreou.
O presidente do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, reconheceu na sexta-feira à noite, em declarações divulgadas pela imprensa grega, que Atenas deve aplicar medidas ainda maiores de austeridade e que esse extremo será discutido na próxima reunião do Eurogrupo em 16 de maio em Bruxelas.
"Pensamos que a Grécia precisa de um novo programa de ajuste", assinalou Juncker, diante do aparente fracasso do plano aplicado um ano atrás para flutuar a economia e evitar a reestruturação de sua enorme dívida, que alcançou 143% do PIB em 2010.
Segundo a imprensa do país, a Grécia estaria negociando inclusive a ampliação dos créditos dos parceiros da eurozona diante da impossibilidade de voltar aos mercados em 2012 para refinanciar-se, tal como estava previsto no plano trienal de resgate no valor de 110 bilhões de euros.
Se a Grécia não conseguir se financiar nos mercados em 2012 devido ao fato de que seu prêmio de risco continua sendo proibitivo, necessitaria créditos adicionais da eurozona e do Fundo Monetário Internacional, ou enfrentaria uma complicada situação frente a seus credores.
Os bônus soberanos gregos para dois anos ofereciam no fechamento da semana, juro ao redor de 24,5%, percentual elevadíssimo devido ao risco de falta de pagamento que supõem os investidores.
Atenas solicitaria uma prorrogação até 2016-2018 da meta fixada para 2014 de reduzir seu déficit fiscal para menos de 3% do PIB a partir de 10,5% com o qual fechou em 2010.
Com esta situação, a Grécia deve enfrentar obrigações de pagamento de 27 bilhões de euros no próximo ano e Bruxelas considera que o novo plano lançado por Atenas para o período 2011-2015, que pretende arrecadar 76 bilhões de euros com novos cortes e privatizações, não será suficiente.
O executivo de Papandreou deve tramitar o plano no Parlamento na próxima semana, quando também vai ocorrer, na quarta-feira, uma greve geral de 24 horas, a segunda do ano.
A Grécia está à espera que a cúpula europeia de 25 de junho ratifique a decisão da Comissão Europeia de prolongar o tempo de devolução do empréstimo de 110 bilhões de euros recebido há um ano da zona do euro e do FMI; além da redução do juro (5%) pago pelo empréstimo.
Uma equipe formada por analistas europeus e do FMI está na capital grega em visita de avaliação do novo plano de ajuste que o país pretende aprovar no Parlamento, antes de dar o sinal verde para libertar o quinto aporte do resgate, cifrado em 15 bilhões de euros. EFE