María Gómez Silva.
Bruxelas, 2 mai (EFE).- Os países da zona do euro decidiram hoje
pelo primeiro resgate financeiro de um de seus membros, a Grécia, ao
aprovar um pacote de empréstimos de até 110 bilhões de euros entre
2010 e 2012, com o qual o Fundo Monetário internacional (FMI)
contribuirá com 30 bilhões de euros.
O pacote veio em sinal de apoio ao severo plano de austeridade
econômica anunciado horas antes pelo Governo grego, que prevê a
economia de 30 bilhões de euros - 11% do Produto Interno Bruto (PIB)
do país -, com o objetivo de reduzir o déficit público abaixo de 3%
em 2014 e, assim, evitar a quebra do país.
A decisão foi adotada por unanimidade após a avaliação de um
relatório no qual o Executivo da União Europeia (UE) e o Banco
Central Europeu (BCE) asseguravam que "a concessão de um empréstimo
era necessária para garantir a estabilidade financeira da zona do
euro".
O programa estabelece que os primeiros 30 bilhões de euros serão
liberados neste ano e que os desembolsos iniciais "estarão prontos
antes que a Grécia tenha que fazer frente às obrigações de pagamento
do dia 19 de maio", que chegam perto de 8,5 bilhões de euros.
O plano também inclui uma "reserva de estabilidade" de dez
bilhões de euros para o setor financeiro, caso as dúvidas sobre a
solvência da Grécia se estendam aos bancos do país.
"Pensamos que estas quantias são suficientes", disse o presidente
do Eurogrupo (grupo de ministros de Finanças da zona do euro) e
primeiro-ministro luxemburguês, Jean-Claude Juncker, quando
questionado sobre a possibilidade de a ajuda ficar pequena diante da
gravidade da situação na Grécia.
A Comissão Europeia (órgão executivo da UE) ficará encarregada de
fazer a entrega dos fundos à Grécia e de vigiar o cumprimento do
programa de ajuste grego.
O presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet,
disse hoje que as autoridades gregas devem estar preparadas para
tomar "medidas adicionais" caso necessário para alcançar os
objetivos do programa, que foi negociado com a Comissão Europeia e o
Fundo Monetário Internacional (FMI), e que será votado amanhã no
Parlamento grego.
"Demonstramos nossa determinação de fazer o que for necessário",
respondeu o ministro das Finanças grego, Giorgos Papaconstantinou,
ao lembrou que o programa do país inclui cortes em pensões e
reduções salariais na máquina pública.
As "duras condições" impostas sobre os empréstimos da zona do
euro à Grécia, assim como seus detalhes, serão divulgados em um
memorando de entendimento que as autoridades gregas e a Comissão
Europeia aprovarão "nos próximos dias".
Além disso, os chefes de Estado e do Governo da zona do euro
farão uma reunião de cúpula extraordinária no próximo dia 7 em
Bruxelas para realizar um acompanhamento dos processos parlamentares
que vários países devem completar antes de dar sinal verde aos
empréstimos à Grécia.
Os líderes aproveitarão a ocasião para debater novas regras para
aumentar a coordenação das políticas econômicas na zona do euro após
a operação de ajuda financeira à Grécia lançada hoje. EFE