Gripe obriga argentinos a comprarem pela Internet e contratarem mais babás

Publicado 10.07.2009, 17:44
Atualizado 10.07.2009, 18:35

Buenos Aires, 10 jul (EFE).- O avanço da gripe suína na Argentina, que já causou 82 mortes no país, segundo números oficiais, provocou algumas mudanças de hábito na população, que vão desde uma forte alta no uso de serviços pela internet, até um aumento na demanda de babás.

O ministro da Saúde, Juan Manzur, recebeu hoje uma carga proveniente da Suíça com 100 mil novas doses de remédios contra a doença.

Manzur afirmou que as consultas e hospitalizações por gripe estão diminuindo tanto na capital argentina, quanto na província de Buenos Aires, mas estão aumentando no resto do país.

Em meio a este panorama, os serviços de compras pela internet oferecidos por supermercados entraram em colapso em várias ocasiões nesta semana, devido às recomendações de que a população fique em suas casas, para limitar as possibilidades de contágio pelo vírus, que se estima já ter afetado aproximadamente 100 mil pessoas no país.

"A quantidade máxima permitida de usuários conectados foi atingida. Por favor, tente mais tarde. Desculpe-nos pela inconveniência", informou várias vezes esta semana o portal da Coto, uma das principais cadeias de hipermercados do país.

Outras empresas aproveitaram a oportunidade e lançaram novos serviços, como o supermercado pela internet Leshop, que criou o programa "Crianças em Casa", que oferece produtos destinados às crianças, que estão sem aula em 17 distritos do país, incluindo os mais populosos.

O serviço inclui "iogurtes e biscoito especialmente pensados para a prevenção da gripe", explicou a companhia.

Os novos hábitos foram reforçados pelo feriado de quinta-feira, pelo Dia da Independência argentina e pelo "feriado escolar sanitário", decretado hoje pelo Governo, para evitar a propagação do vírus.

Desta maneira, o país ficará praticamente paralisado até a segunda-feira, devido ao fechamento de tribunais, organismos públicos, bancos, teatros, cinemas, escolas, universidades e shoppings, entre outros.

As autoridades explicaram que o "fim de semana prolongado não foi decretado para viajar" - embora alguns tenham ignorado o conselho -, mas para permanecer em casa isolados e evitar a propagação do novo vírus na Argentina, o país com maior número de mortes da América do Sul, em decorrência da doença.

Neste cenário, outro setor beneficiado pela suspensão de aulas e a falta de atividades fora das casas é o de contratação de babás e professoras particulares que atendem em casa.

"Em um dia normal tínhamos dez pedidos de babás, agora recebemos 20", afirmou à imprensa Claudia Ortiz, da La Cigüeña, uma empresa de consultoria de Buenos Aires.

A expansão da gripe fez os argentinos pensarem na inesperada possibilidade de não dividirem a tradicional cuia de chá mate, presente em 98% dos lares do país.

O Instituto Nacional da Erva-Mate (INYM, na sigla em espanhol), que agrupa os produtores, recomendou que cada um modifique o tradicional costume para não se contagiar.

"É bom tomar o chá porque é uma boa fonte de hidratação e por suas outras propriedades, mas cada um tem que ser responsável pela limpeza de sua cuia", explicou a bioquímica Graciela Jorda, da Universidade Nacional de Misiones.

Segundo um estudo da Universidade Nacional de Tres de Febrero, mais de 80% dos habitantes da região metropolitana de Buenos Aires acredita que possa contrair a doença.

Outra pesquisa da Universidade Aberta Interamericana revela que 78,9% dos entrevistados acredita que é necessário declarar emergência sanitária em todo o país, uma medida que já foi adotada pela maioria das províncias.

O Governo abriu 20 centros de saúde ambulantes, em bairros populares da região que cerca a capital argentina, que atenderam dezenas de vizinhos para verificar se contraíram o novo vírus. EFE

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