Buenos Aires, 10 jul (EFE).- O avanço da gripe suína na
Argentina, que já causou 82 mortes no país, segundo números
oficiais, provocou algumas mudanças de hábito na população, que vão
desde uma forte alta no uso de serviços pela internet, até um
aumento na demanda de babás.
O ministro da Saúde, Juan Manzur, recebeu hoje uma carga
proveniente da Suíça com 100 mil novas doses de remédios contra a
doença.
Manzur afirmou que as consultas e hospitalizações por gripe estão
diminuindo tanto na capital argentina, quanto na província de Buenos
Aires, mas estão aumentando no resto do país.
Em meio a este panorama, os serviços de compras pela internet
oferecidos por supermercados entraram em colapso em várias ocasiões
nesta semana, devido às recomendações de que a população fique em
suas casas, para limitar as possibilidades de contágio pelo vírus,
que se estima já ter afetado aproximadamente 100 mil pessoas no
país.
"A quantidade máxima permitida de usuários conectados foi
atingida. Por favor, tente mais tarde. Desculpe-nos pela
inconveniência", informou várias vezes esta semana o portal da Coto,
uma das principais cadeias de hipermercados do país.
Outras empresas aproveitaram a oportunidade e lançaram novos
serviços, como o supermercado pela internet Leshop, que criou o
programa "Crianças em Casa", que oferece produtos destinados às
crianças, que estão sem aula em 17 distritos do país, incluindo os
mais populosos.
O serviço inclui "iogurtes e biscoito especialmente pensados para
a prevenção da gripe", explicou a companhia.
Os novos hábitos foram reforçados pelo feriado de quinta-feira,
pelo Dia da Independência argentina e pelo "feriado escolar
sanitário", decretado hoje pelo Governo, para evitar a propagação do
vírus.
Desta maneira, o país ficará praticamente paralisado até a
segunda-feira, devido ao fechamento de tribunais, organismos
públicos, bancos, teatros, cinemas, escolas, universidades e
shoppings, entre outros.
As autoridades explicaram que o "fim de semana prolongado não foi
decretado para viajar" - embora alguns tenham ignorado o conselho -,
mas para permanecer em casa isolados e evitar a propagação do novo
vírus na Argentina, o país com maior número de mortes da América do
Sul, em decorrência da doença.
Neste cenário, outro setor beneficiado pela suspensão de aulas e
a falta de atividades fora das casas é o de contratação de babás e
professoras particulares que atendem em casa.
"Em um dia normal tínhamos dez pedidos de babás, agora recebemos
20", afirmou à imprensa Claudia Ortiz, da La Cigüeña, uma empresa de
consultoria de Buenos Aires.
A expansão da gripe fez os argentinos pensarem na inesperada
possibilidade de não dividirem a tradicional cuia de chá mate,
presente em 98% dos lares do país.
O Instituto Nacional da Erva-Mate (INYM, na sigla em espanhol),
que agrupa os produtores, recomendou que cada um modifique o
tradicional costume para não se contagiar.
"É bom tomar o chá porque é uma boa fonte de hidratação e por
suas outras propriedades, mas cada um tem que ser responsável pela
limpeza de sua cuia", explicou a bioquímica Graciela Jorda, da
Universidade Nacional de Misiones.
Segundo um estudo da Universidade Nacional de Tres de Febrero,
mais de 80% dos habitantes da região metropolitana de Buenos Aires
acredita que possa contrair a doença.
Outra pesquisa da Universidade Aberta Interamericana revela que
78,9% dos entrevistados acredita que é necessário declarar
emergência sanitária em todo o país, uma medida que já foi adotada
pela maioria das províncias.
O Governo abriu 20 centros de saúde ambulantes, em bairros
populares da região que cerca a capital argentina, que atenderam
dezenas de vizinhos para verificar se contraíram o novo vírus. EFE