Teerã, 9 fev (EFE).- A Índia se situou em janeiro como o primeiro cliente do petróleo iraniano, com um aumento de 37,5% com relação ao mês anterior, e superou a China e o Japão, informou nesta quinta-feira a agência local "Fars".
Segundo a agência, as exportações à Índia no mês passado chegaram a 550 mil barris de petróleo diários, enquanto a China, que no ano passado comprou uma média de 557 mil barris ao dia, reduziu suas importações de petróleo iraniano em janeiro a 285 mil barris diários.
O Japão se mantém, por enquanto, como o segundo comprador de petróleo iraniano, com cerca de 340 mil barris diários, apesar das pressões ocidentais aos países asiáticos para que se somem às sanções ao Irã a fim de que o país abandone seu programa nuclear.
A queda da provisão de petróleo à China, segundo apontou a imprensa iraniana, se deve a uma disputa entre os dois países sobre o preço que Teerã vende o petróleo a Pequim, que em qualquer caso defendeu seus cada vez mais numerosos negócios com o Irã.
Ontem, a agência local "Mehr" informou que Teerã e Pequim discutirão nos próximos dias a substituição do dólar como moeda para o pagamento do petróleo que a China compra do Irã, devido às dificuldades impostas por Washington aos iranianos.
Segundo a "Mehr", as conversas se devem aos cada vez mais numerosos obstáculos ao uso do dólar para o pagamento a Teerã, por causa das sanções impostas pelos Estados Unidos às empresas que têm negócios com o Irã e às entidades financeiras, incluindo o Banco Central do país.
As importações chinesas de petróleo iraniano, segundo a fonte, aumentaram em 2011 30% com relação ao ano anterior, mas em janeiro de 2012 foram reduzidas a pouco mais da metade, segundo dados das autoridades de Pequim.
A China já pagou parte de sua fatura petrolífera com o Irã em sua própria moeda, em substituição ao dólar, e os iranianos utilizam esse dinheiro para o pagamento de suas cada vez mais abundantes importações chinesas.
O Irã também tem uma conta em moeda local na Coreia do Sul para a cobrança de parte de suas exportações de petróleo e a importação de mercadorias do país, segundo revelaram as autoridades de Teerã.
Além disso, o Irã também teve que aplicar um complicado sistema de transferências bancárias e abrir contas em moeda local na Índia para conseguir cobrar suas vendas de petróleo ao país, por causa dos obstáculos impostos pelos EUA.
A União Europeia aprovou no dia 23 de janeiro o bloqueio dos fundos do Banco Central do Irã em seu território e a proibição de importar petróleo do Irã a seus 27 países-membros, uma medida que deverá entrar em vigor em 1º de julho se Teerã não abandonar seu programa nuclear.
Em 2011, a China foi o principal comprador de petróleo iraniano, seguida por Japão, Índia e Coreia do Sul. Dos países europeus, o maior importador de petróleo iraniano é a Itália, que é seu quinto cliente, seguido pela Espanha, que é o sétimo.
Grécia, Espanha e Itália, que segundo organismos europeus importam entre 13 e 14% do petróleo que consomem do Irã, serão os países mais afetados pela suspensão das compras se a medida entrar em vigor em julho.
Grande parte da comunidade internacional, com os Estados Unidos e Israel na liderança, acusam o regime iraniano de ocultar, sob seu programa nuclear civil, outro de caráter militar, cujo objetivo seria produzir bombas atômicas, o que o Irã nega.
Teerã afirma que seus esforços no campo nuclear têm como único objetivo o uso pacífico da energia e tecnologia atômica. EFE