Chema Ortiz.
Teerã, 15 fev (EFE).- O Irã ameaçou impor nesta quarta-feira novas condições para venda de petróleo aos países europeus, decisão que criou grande confusão política e aumento dos preços do produto no mercado internacional.
A rede de televisão iraniana "PressTV" divulgou que no começo da manhã o Ministério de Relações Exteriores do país convocou os embaixadores da União Europeia em Teerã para comunicar a suspensão da venda de petróleo.
Minutos depois, o canal estatal "IRIB" informou que a reunião tinha como objetivo informar os diplomatas que "Irã vai reconsiderar se segue comercializando o produto".
No fim do encontro, o embaixador da Espanha no país árabe, Pedro Villena, esclareceu à Agência Efe que na reunião foram discutidas as sanções impostas pela UE à Teerã, entre elas o embargo às importações de petróleo, mas que em nenhum momento foi comunicado a interrupção das exportações iranianas.
Embora ainda não tenha anunciado de forma oficial quais seriam os novos requisitos para a venda de petróleo, especula-se que o regime dos aiatolás quer receber antecipadamente pela venda do produto aos países europeus.
A medida afeta particularmente Grécia, Espanha e Itália, que compram do Irã entre 13% e 14% do petróleo que consomem, e em menor medida França (4%), Alemanha e Reino Unido, ambos com 1%.
As agências de notícias iranianas "Irna" e "Mehr" informaram que o diretor-geral para a Europa Ocidental do Ministério das Relações Exteriores do país, Hassan Tayik, convocou os embaixadores da Espanha, Itália, França, Portugal, Holanda e Grécia.
Embora a "Irna" não tenha dado detalhes do encontro, a "Mehr" precisou que Tayik conversou separadamente com eles sobre "vários assuntos, entre eles as sanções europeias contra Teerã".
A origem da polêmica foram as declarações do ministro iraniano de Petróleo, Rostam Qasemi, que em 4 de fevereiro afirmou que seu país estudava suspender as exportações de petróleo a vários países europeus em represália às sanções financeiras e comerciais impostas pela UE em 23 de janeiro.
"As exportações de petróleo a certos países europeus com certeza serão cortadas", afirmou Qasemi. Dias depois, o Parlamento iraniano anunciou que preparava uma lei para proibir as exportações de petróleo e gás à Europa. No entanto, nenhuma medida legal foi tomada a esse respeito e na semana passada o Congresso entrou em recesso até 4 de março.
Antes da paralisação, 200 dos 290 deputados assinaram um comunicado no qual manifestavam seu apoio a qualquer medida que o governo iraniano tomasse contra a UE.
Os países europeus que seriam mais afetados pela interrupção do comércio com o Irã já tinham recorrido a outros produtores, especialmente a Arábia Saudita, para importar o petróleo que deixariam de receber. Segundo as sanções impostas pela UE, seus 27 estados-membros deverão suspender as compras do Irã até 1º de julho.
O governo iraniano pediu aos demais membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), da qual faz parte ao lado da Arábia Saudita, que não compensem sua cota diante de uma possível suspensão das vendas.
Esse quadro, aliado à crise europeia e às ameaças bélicas de Washington e Tel Aviv a Teerã para que suspenda seu programa nuclear, fizeram com que o preço do barril Brent subisse dos US$ 110 atuais até US$ 117 em poucos dias. EFE