Irã e Paquistão poderão utilizar divisas próprias no comércio

Teerã, 17 jul (EFE).- O Irã e o Paquistão poderão utilizar em seus negócios suas respectivas divisas, ao invés do dólar, para evitar os problemas de transferência ocasionados pelas sanções internacionais impostas ao regime de Teerã, informou neste domingo à agência oficial iraniana "Irna".

Em reunião no sábado com o governante iraniano Mahmoud Ahmadinejad, o presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, indicou que o comércio bilateral realizado em moedas também vai reduzir o contrabando.

O Irã negocia com vários países, como China e Coreia, suas exportações, especialmente de petróleo, em suas respectivas divisas e não em dólares, por causa das sanções internacionais devido ao seu programa nuclear.

As autoridades de Teerã estudam com as de Nova Délhi a maneira de transferir os pagamentos pelo abastecimento de petróleo às refinarias do gigante do Sul da Ásia, que no mês passado acumulava uma dívida com o Irã de US$ 9 bilhões pela impossibilidade de materializar seus pagamentos.

Pelos dados oficiais publicados pela imprensa iraniana nos últimos dias, o Irã é o segundo fornecedor de petróleo à Índia, depois da Arábia Saudita, e é responsável por 12% das necessidades anuais do gigante do Sul da Ásia.

A Índia, depois da China, é o segundo cliente do Irã na compra de petróleo, que representa 20% das exportações petrolíferas do país.

O Irã está submetido a sanções internacionais por causa de seu programa nuclear, que Teerã garante ter somente fins civis e pacíficos, enquanto a comunidade internacional defende que o mesmo tem objetivos militares.

O Conselho de Segurança da ONU aprovou em julho novas sanções ao Irã, depois que este país decidisse enriquecer urânio a 20% por conta própria.

À medida, os Estados Unidos e a União Europeia somaram um embargo unilateral, que afeta principalmente os produtos de duplo uso e o setor financeiro.

No encontro Ahmadinejad e Zardari também trataram sobre a ampliação das relações e a cooperação em matéria de agricultura, indústria e energia, e o presidente iraniano mostrou o desejo de adoção com rapidez de acordos bilaterais e que os intercâmbios superem US$ 1 bilhão.

Sobre o gasoduto em construção entre Irã e Paquistão, Ahmadinejad manifestou a Zardari que a obra, no lance iraniano até a fronteira com o Paquistão, estará concluída no fim de 2012.

Zardari esteve com o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei. Na conversa com a autoridade máxima iraniana, como divulgou a agência "Irna", Khamenei reafirmou que os EUA são o principal inimigo do Ocidente e um risco à unidade do Paquistão.

Khamenei destacou no encontro os vínculos, especialmente pela confissão islâmica, dos dois países vizinhos. EFE