Viena, 23 fev (EFE).- O Irã tentará adquirir no mercado
internacional o combustível necessário para um reator científico e
se disse disposto a trocar urânio enriquecido pelo que procura, mas
desde que seja em uma operação em território iraniano.
Assim aponta uma carta enviada na semana passada pelo embaixador
iraniano na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Ali
Asghar Soltanieh, a este organismo.
A carta afirma que Teerã "segue tentando adquirir o combustível
necessário".
"Mas se o organismo não está em condições de cumprir suas
obrigações sob o estatuto da AIEA, o Irã estaria disposto a trocar o
combustível pelo urânio pouco enriquecido produzido em Natanz
(centro do país) de forma simultânea em uma ou várias entregas no
território da República Islâmica", esclarece a nota.
Soltanieh fecha a carta, enviada ao novo diretor-geral da AIEA, o
japonês Yukiya Amano, solicitando que a agência nuclear "informe aos
potenciais fornecedores".
Só Estados Unidos, França, Argentina e Chile estão em condições
de produzir as placas de combustível necessárias para o
funcionamento do reator de Teerã, que fabrica isótopos para os
tratamentos contra o câncer.
O último país a vender o combustível ao Irã foi a Argentina, que
entregou em 1993 mais de 100 quilos desse material.
A proposta da troca de urânio, lançada em outubro passado pelo
ex-diretor-geral da AIEA Mohamed ElBaradei, tinha como objetivo
tirar a maior parte do urânio enriquecido do Irã e levá-lo à Rússia
e França para conversão em combustível.
Dessa forma, Teerã teria demonstrado confiança na comunidade
internacional nas negociações sobre seu polêmico programa nuclear,
ao tempo que eliminaria o perigo de uma iminente construção de uma
bomba atômica iraniana.
Uma troca simultânea não cumpre as condições da proposta inicial,
mas também reduziria as reservas de urânio enriquecido iraniano e,
com isso, o perigo da rápida construção de uma bomba atômica.
O anúncio de Soltanieh é a primeira resposta por escrito do Irã à
proposta de ElBaradei e ocorre poucos dias antes da próxima reunião
do Conselho de Governadores da AIEA, que começa na próxima
segunda-feira.
No último relatório técnico sobre o Irã, elaborado por ocasião da
reunião, Yukiya Amano expressa preocupação com as possíveis
dimensões militares do programa nuclear iraniano, algo rejeitado por
Teerã. EFE