Buenos Aires, 4 mai (EFE).- Um juiz argentino ordenou hoje a
detenção de José Alfredo Martínez de Hoz, ministro da Economia
durante a ditadura militar no país, como parte de uma investigação
sobre o sequestro de dois empresários em 1976, informaram fontes
judiciais.
A ordem foi ditada pelo juiz federal Norberto Oyarbide, uma
semana depois que a Suprema Corte declarou inconstitucionais os
perdões concedidos em 1990 a Martínez de Hoz e ao ditador Jorge
Videla, o primeiro dos quatro presidentes que governaram a Argentina
durante a ditadura.
Horas depois de ditar a resolução e com a autorização do juiz, o
ex-ministro, de 84 anos, foi levado de sua casa a uma clínica
privada em Buenos Aires, por problemas de saúde.
O secretário de Direitos Humanos argentino, Eduardo Luis Duhalde,
que há poucos dias pediu a detenção de Martínez de Hoz, avaliou a
rapidez e a decisão de Oyarbide.
"É um ato transcendente da Justiça ter ditado a prisão preventiva
e ordenado a detenção de quem foi responsável por atividades
ilícitas, mas ao mesmo tempo do plano econômico, que assolou
Argentina durante 25 anos", comentou, em entrevista coletiva.
A resolução da Corte confirmou decisões judiciais anteriores e
faz parte da investigação do sequestro dos empresários Federico e
Miguel Gutheim.
Os dois empresários foram mantidos presos durante cinco meses
entre 1976 e 1977, como medida de pressão para que fosse aceito um
contrato de exportação lucrativo para o Governo militar.
Tanto o Governo de Cristina Fernández de Kirchner quanto
organismos de direitos humanos consideram que a decisão da Suprema
Corte abre a possibilidade de que civis que atuaram como cúmplices
da ditadura sejam julgados.
Em um comunicado publicado na semana passada pela imprensa de
Buenos Aires, Martínez de Hoz disse ser vítima de uma "perseguição
interminável" por parte do Governo e da Justiça.
O ex-funcionário disse que "o único objetivo" do parecer da
Justiça é "tentar forçar" sua prisão "apenas pelo fato de existir".
"Desde que o ex-presidente (Néstor) Kirchner pediu publicamente
minha prisão, no dia 24 de março de 2006, diferentes poderes do
Estado utilizaram todos os meios a seu alcance para alcançar este
objetivo", apontou o comunicado. EFE