Juro mais alto, surpresa fiscal e rotação de ativos têm contribuído para apreciação do câmbio, diz Campos Neto

Publicado 22.02.2022, 16:53
Atualizado 22.02.2022, 18:00
© Reuters. Presidente do BC, Roberto Campos Neto 
09/01/2020. 
REUTERS/Adriano Machado

BRASÍLIA (Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira que a taxa de câmbio brasileira tem sido afetada por uma série de variáveis que estão contribuindo para sua apreciação e gerando entre investidores uma percepção de que é "importante entrar agora".

"Tem a variável de que a própria taxa de juros mais alta traz fluxo para a diferença de juros, tem uma parte da surpresa fiscal que acho que foi positiva, tem uma parte relevante dessa reprecificação de fluxos. No câmbio tem várias variáveis sendo colocadas ao mesmo tempo", disse Campos no evento CEO Conference 2022, do banco BTG Pactual (SA:BPAC11).

Ele lembrou que as compras de dólares feitas no ano passado por investidores para adequação a uma mudança nas regras de tributação do overhedge também deixaram de pesar sobre o real.

"Essa dinâmica tem também dado a apreciação de câmbio, gerando uma percepção de como o câmbio tem essa tendência é importante entrar agora, e isso está ligado a um movimento de rotação", disse Campos Neto.

Ele ressaltou que as empresas de economias emergentes como o Brasil são particularmente atraentes em um momento em que investidores globais buscam ativos de valor por conviverem bem em ambiente de inflação mais elevada.

Para o presidente do BC, o grande desafio para os próximos meses será entender como se dará o ajuste de política monetária mundial. Ele ponderou que há a avaliação de que uma ação do Federal Reserve (banco central dos EUA) que contenha a inflação é positiva para os emergentes, mas também a preocupação de que um movimento muito acelerado desestabilize os fluxos financeiros, com efeito potencialmente negativo para o grupo de países em desenvolvimento.

INFLAÇÃO

Campos Neto disse ter sido mal compreendido quando falou há alguns dias sobre a trajetória da inflação no país nos próximos meses. Ele disse agora não prever que o pico da inflação ocorrerá em abril e maio, mas, sim, que a inflação vai acelerar a queda entre abril e maio no acumulado em 12 meses.

"Acho que está na nossa conta que a inflação industrial cai e a inflação de serviços sobe", afirmou. "O que aconteceu no meio do caminho foi que a inflação de serviços subiu mais rápido e foi mais disseminada, e a de industrial não caiu e em parte aumentou até a difusão, houve obviamente uma preocupação em relação a isso."

Sobre a possibilidade de o país aprovar medidas para reduzir a tributação de combustíveis mirando uma redução do preço ao consumidor, o chefe do Bacen reiterou que iniciativas do tipo não afetam a inflação estrutural.

"Você pode ter uma queda de curto prazo, mas na parte de expectativa de inflação isso vai se incorporar, e esse elemento tende a prevalecer no médio e longo prazo."

(Por Isabel Versiani)

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