Buenos Aires, 26 ago (EFE).- A Justiça argentina começou hoje a
analisar a denúncia do Governo de Cristina Kirchner sobre suposta
ilegalidade na compra da empresa Papel Imprensa por parte dos dois
principais jornais do país na última ditadura militar (1976-1983).
O processo pelo qual os diários "Clarín", "La Nación" e "La
Razón" - acionista até 2000 - assumiram o controle acionário da
única fabricante de papel de jornal da Argentina será investigado
pela Justiça Federal na cidade de La Plata.
O juiz Arnaldo Corazza tem a seu cargo a investigação de crimes
cometidos nas prisões clandestinas da ditadura pelas quais passaram
membros da família Graiver, principal acionista da Papel Imprensa
até a venda da empresa para os três jornais, em novembro de 1976.
Segundo a agência oficial "Télam", Lidia Papaleo, viúva de
Graiver - o dono original da Papel Imprensa -, prestou depoimento
hoje.
Na terça-feira passada, o Governo argentino apresentou
publicamente o relatório em que aponta a suposta cumplicidade entre
os jornais e o regime militar para a apropriação da fabricante de
papel, fundada em 1972.
Segundo o Governo, quando Lidia Papaleo vendeu as ações da
empresa aos gerentes de "Clarín", "La Nación" e "La Razón" na
ditadura militar, ela o fez "sob ameaças", e "não era livre" para
proceder como queria.
Após a morte de David Graiver em um acidente aéreo, em 7 de
agosto de 1976, tanto Lidia como vários de seus parentes e de sócios
do grupo empresarial Graiver foram até que venderam as ações de
Papel Imprensa, segundo o relatório oficial. EFE