Líderes da UE articulam planos para salvar a zona do euro

Publicado 07.12.2011, 18:44
Atualizado 07.12.2011, 19:07

Bruxelas, 7 dez (EFE).- Os líderes da União Europeia (UE) se mobilizam para a cúpula que começa nesta quinta-feira em Bruxelas e buscam estabelecer um pacto para um novo tratado que imponha mais rigor e fiscalização sobre as finanças dos países-membros, corrigir as falhas da união monetária e salvar o euro.

As expectativas são grandes. Muitos dirigentes, analistas e investidores consideram esta uma das últimas oportunidades da UE para restaurar assim a danificada confiança da zona do euro diante dos mercados financeiros.

Mas a Alemanha já se encarregou de reduzir as expectativas, ao destacar que muitos países não compreenderam a urgência da situação. Um alto funcionário do governo alemão disse que estava mais pessimista que há uma semana sobre os resultados.

A cúpula se apresenta difícil e intensa, com uma preocupação extra para se levar em conta: a postura do Reino Unido, um país da UE que não faz parte da zona do euro e que já advertiu que defenderá os interesses nacionais e do setor financeiro da City (distrito financeiro de Londres) em um novo tratado do bloco, sob a ameaça de veto.

França e Alemanha chegam à cúpula com uma proposta comum e um núcleo inegociável: uma reforma do Tratado ou uma nova Constituição incluindo os 27 Estados-membros da UE e, caso não seja possível, pelo menos entre os 17 países da zona do euro mais aqueles que quiserem aderir.

O objetivo de Paris e Berlim é que este novo tratado esteja assinado até março, apesar do caminho da ratificação, como já se sabe, é longo e complicado.

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, querem impor sanções automáticas aos países que descumprirem a meta de déficit de até 3% do Produto Interno Bruto (PIB). Eles buscam incorporar essa regra punitiva às constituições nacionais, sob supervisão do Tribunal de Justiça da UE.

Eles também têm pressa para implementar o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) - que substituirá o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) -, impor uma taxa às transações financeiras, e harmonizar o imposto de sociedades.

Os encontros mensais de líderes do euro enquanto durar a crise é outra ideia do eixo franco-alemão, que rejeita os eurobônus - como propõe o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy - e um maior papel do Banco Central Europeu (BCE).

A Alemanha indicou nesta quarta-feira que a via acelerada proposta por Van Rompuy para revisar o Tratado da UE através da modificação do protocolo 12 - procedimento por déficit excessivo - e complementá-la com reformas em leis secundárias representa uma tramoia para evitar uma verdadeira reforma.

Neste protocolo se incluiriam a "regra de ouro" para a zona do euro, o controle por parte do Tribunal de Justiça da UE sobre sua implantação e um mecanismo de correção automática em caso de desvio das metas de déficit e dívida. Essas mudanças requereriam a aprovação dos 27 países-membros, mas não uma ratificação em nível nacional.

A via mais completa, mas também mais complicada, é revisar os artigos do Tratado referentes à União Econômica e Monetária para modificar o artigo 136 - disciplina fiscal - e revisar o protocolo 14 sobre o Eurogrupo.

Se modificaria o procedimento por déficit excessivo para a zona do euro, ao reforçar o automatismo na abertura do processo e na tomada de decisão das sanções que seriam aplicadas, salvo que haja uma maioria qualificada contrária.

Também se outorgaria maior poder às instituições europeias para controlar os orçamentos nacionais e aprovar as grandes reformas econômicas de países beneficiados por resgates financeiros.

Outro elemento importante é o fortalecimento do fundo permanente de resgate, o MEE, que poderia recapitalizar diretamente os bancos e ter a natureza de uma instituição de crédito, o que lhe daria acesso aos recursos do BCE, além de ter uma capacidade de empréstimo acima dos 500 bilhões de euros estabelecidos.

Berlim e Paris pretendem adiá-lo por um ano e, da mesma forma que Van Rompuy, eliminar o erro cometido pela Alemanha quando convenceu a França de envolver os credores privados em um potencial leilão de bônus.

O eixo principal da UE também deseja que as decisões no MEE não exijam a unanimidade de votos para serem tomadas, mas uma maioria de 85%, enquanto Van Rompuy pretende limitar a unanimidade apenas a casos determinados, como faz o FMI.

A Alemanha rejeita prover mais recursos ao MEE, conceder-lhe uma licença bancária - algo defendido pela França - e permitir que o MEE e o FEEF atuem em paralelo. Uma fonte diplomática explicou nesta quarta-feira que esta última hipótese, de qualquer maneira, só ocorreria durante um ano, até o desaparecimento do FEEF. EFE

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.