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Israel tem primeira queda-de-braço interna após ataque à frota

Publicado 07.06.2010, 16:59
Atualizado 07.06.2010, 17:35

Jerusalém, 7 jun (EFE).- O Governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, teve a sua primeira queda-de-braço interna depois do ataque ao comboio de ajuda humanitária que pretendia romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza.

Nenhuma das cinco moções de censura apresentadas hoje no Parlamento contra o Executivo foram adiante, mas ficou evidente que, ao contrário de outros conflitos que sacudiram Israel na esfera internacional - a Guerra do Líbano em 2006 e o ataque a Gaza no fim de 2008 -, nesta ocasião, nem todos concordam com o Governo.

A principal moção foi defendida pela líder da oposição e dirigente do partido centrista Kadima, Tzipi Livni. O texto foi rejeitado por 59 dos deputados presentes, apoiado por 25 e contou ainda com nove abstenções.

Os outros quatro partidos que apresentaram moções contra o executivo foram a coalizão de partidos árabes Ram-Ta'al (Lista Árabe Unida-Movimento árabe para a renovação), o Partido Comunista Hadash, de maioria árabe, o bloco pacifista Meretz e a formação árabe Balad (Pacto Nacional Democrático).

"Temos total fé no Estado de Israel, nos seus valores e cidadãos, mas o atual Governo não representa Israel", disse Tzipi pouco antes da votação na câmara ao defender sua moção.

O ataque há uma semana ao comboio que pretendia chegar a Gaza com ajuda humanitária deixou nove ativistas turcos mortos.

Às críticas do exterior soma-se a reprovação das cinco formações, em uma semana na qual a imprensa e a esquerda pacifista israelense expressaram rejeição pela forma "incompetente" da abordagem e pela inutilidade de continuar o bloqueio à faixa palestina.

No entanto, é preciso destacar que no caso do principal partido da oposição, dirigido por Tzipi, a moção apresentada hoje não questiona o ataque, mas sim o primeiro-ministro evitar responsabilidades e tentar dirigi-las à instituição militar.

A esta situação é preciso acrescentar também o isolamento internacional a que Israel está sendo submetido no plano político, o que não parece favorecer a decisão adotada ontem por Netanyahu de rejeitar o pedido das Nações Unidas de que a operação militar israelense seja investigada por uma comissão internacional.

Após saber da iniciativa de Tzipi, Netanyahu criticou a líder da oposição, a quem pediu "contenção e responsabilidade", após ressaltar que "a próxima frota se vislumbra no horizonte e que é necessário ter plena confiança no Governo".

O premie israelense lembrou que quando aconteceu o ataque militar israelense há mais de um ano em Gaza - que deixou mais de 1,4 mil palestinos mortos e também foi fortemente criticado pela comunidade internacional, sendo considerado um massacre - ele estava na oposição e apoiou o Governo o tempo todo.

Netanyahu defendeu que então não apresentou uma moção de censura contra o Governo do primeiro-ministro, Ehud Olmert, do partido Kadima, o mesmo de Tzipi, que era chefe da diplomacia israelense.

As moções apresentadas hoje contra a coalizão de Governo mais conservador de Israel não parecem ter chances de prosperar.

Enquanto isso, a ONU afirma que "não fechou a porta" para uma investigação ao ataque à frota, apesar de Israel rejeitas a criação de uma comissão internacional.

O porta-voz da ONU, Farhan Haq, assegurou que o organismo internacional mantém intensos contatos com todas as partes envolvidas no caso para encontrar um consenso. EFE

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