Brasília, 17 set (EFE).- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
pedirá na Assembleia Geral das Nações Unidas a reforma da própria
ONU, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial,
disse hoje o porta-voz da Presidência, Marcelo Baumbach, em
entrevista coletiva.
Segundo Baumbach, Lula expressará que a ONU "não se adéqua" aos
tempos modernos, o que ficou patente em sua "incapacidade" para
canalizar os debates sobre a crise econômica mundial.
O presidente pedirá que o Conselho de Segurança da ONU se renove
e seja aberto a novos membros permanentes, o que permitiria devolver
"representatividade" à ONU.
O Brasil defende há anos a ampliação do Conselho de Segurança e
se apresenta como um dos candidatos a ocupar uma cadeira permanente
no órgão, privilégio que só Estados Unidos, Reino Unido, França,
Rússia e China têm atualmente.
Lula também pedirá a manutenção das medidas anticíclicas que
serviram para fazer frente à crise mundial, já que, segundo ele, os
problemas de fundo que a causaram ainda não foram solucionados.
O presidente também insistirá em que os países ricos "aceitem" as
reformas do FMI e do Banco Mundial e que impulsionem a retomada da
Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) para a
liberalização do comércio mundial.
Além disso, exigirá um "esforço global" para evitar a mudança
climática, pedindo aos países ricos para que transfiram suas
tecnologias às nações pobres "para aliar a preservação do meio
ambiente ao desenvolvimento econômico".
O presidente ainda não tem nenhuma reunião bilateral confirmada,
mas há pedidos para se encontrar com líderes de Israel, Coreia do
Sul, Irã, Reino Unido, Espanha, Nigéria e dos territórios
palestinos.
Também existe a possibilidade de que Lula se reúna com o
secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e com o presidente do Banco
Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luis Alberto Moreno.
Um dia depois da abertura da Assembleia, na quinta-feira que vem,
Lula viajará para a cidade americana de Pittsburgh, onde na
sexta-feira participará da reunião de chefes de Estado e de Governo
do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países desenvolvidos e
principais emergentes).
Lula defenderá a consolidação do G20 como fórum "legítimo" para o
debate de questões econômicas mundiais e insistirá na necessidade de
renovar o sistema financeiro, distribuindo "mais cotas" para os
países pobres no FMI e no Banco Mundial, baseando a escolha dos
representantes dos dois órgãos em critérios "objetivos e técnicos".
Além disso, pedirá às duas entidades para que não vigiem apenas
os países pobres, mas também as economias desenvolvidas, além de dar
mais importância ao financiamento do comércio internacional.
Segundo Baumbach, Lula já tem um encontro confirmado em
Pittsburgh com o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh. EFE