Viena, 24 fev (EFE).- A Venezuela é o ponto de partida da maior
parte da cocaína que entra na Europa Ocidental e a região dos
Bálcãs, na Europa Oriental, se estabelece como uma nova rota de
entrada da droga ao continente, informou hoje a Junta Internacional
de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) em seu relatório de 2009.
"Segundo a Organização Mundial das Alfândegas, na Europa
Ocidental a maior parte da cocaína entra por contrabando procedente
da República Bolivariana da Venezuela", indicou o órgão independente
dentro do sistema da ONU que vigia o cumprimento dos acordos
internacionais sobre drogas.
A Jife ressalta que as apreensões de cocaína caíram na Europa
Ocidental em 2008. No entanto, a droga passou a chegar na região
passando Bálcãs e Europa Oriental, vias de acesso que antes só eram
usadas para introduzir ilegalmente o ópio que chegava da Ásia.
"O crescente número de remessas de cocaína da América do Sul a
países da Europa Oriental mostram a tendência relativamente nova
deste tráfico", assegura o relatório.
A Jife ressalta que África Ocidental continua sendo utilizada
como lugar de "armazenamento e trânsito da cocaína" para a Europa,
mas se observou "um diminuição do número de apreensões de cocaína e
de seu volume total".
O meio principal para transportar a cocaína da América Latina à
Europa é o navio. O relatório especifica que fretes marítimos dessa
droga procedente da Colômbia e Equador tiveram "como destino,
principalmente Croácia e, em segundo lugar, os Países Baixos e
Montenegro" em 2008.
A Junta explica que os traficantes utilizam novos métodos para
introduzir a droga na Europa Oriental, como demonstra a apreensão de
164 quilogramas de cocaína líquida na Eslováquia, engarrafada e
declarada como "vinho tinto".
O consumo de cocaína diminuiu durante 2008 na Espanha, Reino
Unido, Alemanha, Áustria e Suíça, enquanto aumentou na Irlanda e
França.
Em nível geral, o uso de maconha, ecstasy e anfetaminas ficou no
mesmo patamar ou caiu graças às campanhas de prevenção. No entanto,
também se detectou em alguns países como Dinamarca, Reino Unido e
Espanha que os usuários dessas drogas as substituíram por cocaína,
sem fornecer à Jife mais detalhes.
A Europa também continua sendo o maior mercado de resina de
maconha do mundo. O maior volume total de apreensão dessa substância
foi de 628 toneladas, registrado na Espanha em 2008.
"A Europa é a única região do mundo na qual entram por
contrabando grandes quantidades de erva de maconha procedentes de
outras regiões, como África e Ásia", indica a Jife.
Na Europa Oriental, aumentou a presença de drogas derivadas de
opiáceos, em sua grande maioria heroína procedente do Afeganistão,
especialmente na Albânia, Belarus, Croácia, Rússia e Moldávia.
No total, na Europa existem entre 2 milhões e 2,5 milhões de
consumidores de opiáceos, sendo o país mais afetado Rússia, com 1,68
milhões de usuários desse tipo de droga.
As maiores apreensões de heroína corresponderam, por ordem
decrescente, ao Reino Unido, Itália e Alemanha, enquanto os
principais países de origem são os Países Baixos, Turquia, Bélgica e
Paquistão. EFE