Foz do Iguaçu (Brasil), 15 dez (EFE).- O Mercado Comum do Sul (Mercosul) lançará formalmente as negociações para um acordo de livre-comércio com os palestinos durante a 40ª cúpula do bloco que será realizada quinta e sexta-feira em Foz do Iguaçu, informaram fontes oficiais.
"Estamos interessados em assinar acordos de livre-comércio com diferentes países, entre os quais (estão) os territórios palestinos, a Síria e os Emirados Árabes", afirmou nesta quarta-feira o secretário-geral do Itamaraty, Antonio Patriota, em entrevista coletiva.
O lançamento das negociações comerciais com os palestinos se produz menos de duas semanas após Argentina, Brasil e Uruguai anunciarem o reconhecimento do Estado palestino com base nas fronteiras de 1967.
"Estamos interessados em um acordo de livre-comércio" com os palestinos, "que ainda não está assinado. O Mercosul já assinou um acordo de livre-comércio com Israel, concluiu um com o Egito, começará a negociar outro com a Síria" e teremos um com os palestinos, disse, por sua vez, o chanceler argentino, Héctor Timerman.
O acordo de livre-comércio com Israel, o primeiro assinado pelo Mercosul como bloco com um terceiro país, ainda depende da ratificação dos legislativos dos quatro países-membros (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), enquanto o com o Egito já foi concluído, mas ainda não foi assinado formalmente.
O lançamento das negociações foi confirmado pelo secretário do Gabinete Palestino, Hassan Abu Libdeh, que chegou na terça-feira ao Brasil e deve participar na quinta-feira de uma reunião com representantes do Mercosul paralela à Cúpula.
"Vamos tentar concluí-las (as negociações) o mais rápido possível. Queremos ver se é possível (concluí-las) no curso do próximo ano", afirmou Abu Libdeh em reunião nesta quarta-feira em São Paulo com empresários da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
O acordo que será assinado na quinta-feira em Foz do Iguaçu estabelece o formato das negociações entre as partes.
As negociações foram propostas na visita que o presidente da Autoridade Nacional da Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, fez ao Brasil em 2009 e ganharam força em setembro, quando uma delegação do Mercosul apresentou em Ramallah (Cisjordânia) uma proposta concreta para o acordo.
O Brasil anunciou em 3 de dezembro o reconhecimento da Palestina com as fronteiras de 4 de junho de 1967, em resposta a uma solicitação realizada por Abbas em 24 de novembro.
Quatro dias depois, a presidente argentina, Cristina Fernández de Kirchner, enviou uma carta ao presidente da ANP para comunicar o reconhecimento desse território como um "Estado livre e independente".
Fontes oficiais disseram na semana passada que o Uruguai fará o mesmo no primeiro semestre de 2011, como já havia anunciado o presidente José Mujica em novembro.
"Esperamos que (o reconhecimento) seja imitado por outros países da América Latina e do mundo. Será difícil Israel continuar ignorando a vontade da comunidade internacional", disse Abu Libdeh nesta quarta-feira em São Paulo, ao celebrar a posição dos três países do Mercosul. EFE