César Muñoz Acebes.
Quito, 10 dez (EFE).- A Arábia Saudita, o país mais poderoso da Opep, e outros membros do grupo anteciparam nesta sexta-feira que o cartel manterá sem mudanças sua parcela de produção na reunião de sábado, apesar da recente alta do preço do petróleo.
A maioria dos ministros chegou nesta sexta-feira à capital equatoriana e alguns deles confirmaram as expectativas dos mercados de que na reunião extraordinária de Quito continuará a política atual de bombeamento, estabelecida em 2008.
O homem mais esperado nesta sexta-feira no hotel onde acontecerá a reunião e onde estão alojadas as delegações foi o ministro do Petróleo e Recursos Minerais da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, que não se mostrou perturbado pela escalada do preço do petróleo de referência nos Estados Unidos, até US$ 90 esta semana.
"Os senhores se preocupam demais com o preço. Sobe e baixa, isso não é novidade. Os fatores fundamentais são bons. A demanda sobe e a provisão também", afirmou o ministro à imprensa em sua chegada ao hotel.
A Arábia Saudita é o membro mais poderoso do cartel, por ser o maior exportador de petróleo do mundo.
Previamente, outros países haviam manifestado a mesma opinião que al-Naimi. O ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos (EAU), Mohammed bin Dhaen Al Hamli, disse que o preço atual "é bom para o investimento".
E o ministro angolano de Petróleo, José Maria Botelho de Vasconcelos, afirmou que a situação do mercado petroleiro "é estável" e disse não acreditar que a Opep vá modificar seus volumes de produção durante a reunião de sábado.
A cotação do Petróleo Intermediário do Texas (WTI, leve), de referência nos Estados Unidos, desceu nesta sexta-feira até os US$ 87,79 por barril (159 litros), após ter alcançado os US$ 90 na terça-feira passada, pela primeira vez desde 2008, antes da crise financeira.
Tanto a Opep como a Agência Internacional da Energia (AIE) elevaram nesta sexta-feira suas previsões de consumo mundial de petróleo este ano devido à recuperação mundial e à onda de frio no hemisfério norte.
Em 2011, o planeta também usará mais petróleo que o antecipado anteriormente, mas o ritmo de crescimento no consumo se desacelerará em relação a esse ano, segundo as entidades em relatórios divulgados em Viena e Paris, respectivamente.
Em seu documento, a AIE indicou que "declarações antes da reunião dos ministros da Opep sugerem que o grupo planeja um acordo rápido para manter as metas de produção atuais, apesar da alta inesperada da demanda mundial de petróleo na segunda metade de 2010 e dos incrementos drásticos do preço desde a última vez que se reuniram".
O principal interesse da Opep é manter os preços estáveis, pois uma alta excessiva poderia afogar a recuperação econômica mundial e estimularia o desenvolvimento de energias alternativas ao petróleo, enquanto uma queda do valor do barril abriria grandes buracos nos orçamentos dos países-membros.
"Acho que a Opep buscou manter essa racionalidade, que a coisa se mantenha em equilíbrio", em categorias razoáveis para o mercado petroleiro, disse o presidente da Associação da Indústria de Hidrocarbonetos do Equador (AIHE), José Ziritt.
Alguns analistas preveem que o preço do petróleo romperá a barreira dos US$ 100 no próximo ano, o que poderia motivar a Opep a bombear mais de seus poços.
Segundo Ziritt, "está previsto um aumento para o ano que vem, mas é pouco, porque se fala de 800 mil barris a mais".
A reunião dos ministros começará no sábado às 9h local (12h no horário de Brasília), uma hora antes do anunciado inicialmente, para que o presidente do Equador, Rafael Correa, possa inaugurar o encontro e posteriormente realizar ao vivo seu programa televisivo de todos os sábados, confirmou à Agência Efe uma fonte governamental.
Durante a reunião, o Equador cederá a Presidência rotativa ao Irã, o segundo maior produtor de petróleo da Opep, que assumirá o cargo pela primeira vez em três décadas. EFE