Por Bruno Federowski
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar avançava mais de 1,5 por cento ante o real nesta quarta-feira, após a agência de classificação de risco Moody's rebaixar a Petrobras ao grau especulativo, diminuindo ainda mais a atratividade de ativos brasileiros e piorando a perspectiva de recuperação econômica do país.
Com isso, a divisa recuperava todo o terreno perdido na sessão passada, quando o mercado reagiu à falta de uma sinalização mais contundente sobre uma alta de juros nos Estados Unidos no discurso da chair do Federal Reserve, Janet Yellen. Nesta quarta-feira, Yellen participa de sessão de um comitê da Câmara dos Deputados norte-americana.
Às 12h17, a moeda norte-americana subia 1,74 por cento, a 2,882 reais na venda, após cair mais de 1,5 por cento na véspera. Segundo dados da BM&F, o giro financeiro estava em torno de 330 milhões de dólares.
Na noite passada, a Moody's rebaixou os ratings da Petrobras para "Ba2", contra "Baa3", citando investigações sobre corrupção e pressões de liquidez que podem resultar do atraso da divulgação das demonstrações financeiras auditadas. Além disso, a agência manteve a classificação da estatal em revisão para novo rebaixamento.
"O rebaixamento deve intensificar as recentes turbulências nos mercados financeiros brasileiros", escreveram analistas do banco BBVA (MADRID:BBVA) em relatório.
Segundo estimativas do banco Barclays (LONDON:BARC), que passou a projetar contração de 1,1 por cento do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano, a redução dos investimentos da petroleira devido ao escândalo deve subtrair 0,5 ponto percentual do crescimento da economia brasileira em 2015.
Investidores aguardavam agora a participação de Yellen, do Fed, na sessão do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara dos Deputados, às 12h (horário de Brasília).
Na véspera, ela afirmou que o banco central norte-americano está se preparando para começar a debater "de reunião para reunião" a possibilidade de aumentar os juros, mas que descartar a expressão "paciente" de seu comunicado não significará necessariamente que o aperto monetário terá início em duas reuniões.
Nesta manhã, o BC brasileiro vendeu a oferta total de até 2 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares, pelas atuações diárias. Foram vendidos 500 contratos para 1º de dezembro de 2015 e 1.500 para 1º de fevereiro de 2016, com volume correspondente a 97,9 milhões de dólares.
O BC também vendeu a oferta integral de até 13 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de março, equivalentes a 10,438 bilhões de dólares. Ao todo, a autoridade monetária já rolou cerca de 91 por cento do lote total.