(Reuters) - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, alertou nesta sexta-feira para o risco de um ciclo vicioso de deterioração fiscal, aumento da dívida e inflação.
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"Esse é o círculo vicioso que não queremos entrar", disse Campos Neto em palestra organizada pelo Fundo Monetário Internacional, em Washington, nos Estados Unidos.
Ele argumentou que uma deterioração fiscal leva a um aumento de dívida pública que pressiona as expectativas de inflação e, eventualmente, a própria inflação, retroalimentando a necessidade de gastos sociais.
"O problema é que você cria esse círculo vicioso no qual você tem dívida mais alta, e aí o fiscal se torna questionável, mas aí por causa disso as expectativas de inflação começam a crescer e você tem inflação mais alta, o que cria desigualdade", disse, ressaltando que os países acabam criando programas para combater essa questão social, o que gera mais dívida.
Nesse cenário, o presidente do BC defendeu que os países repensem mecanismos indutores de crescimento da economia, priorizando a participação do setor privado, com menos ações governamentais.
Na apresentação, ele disse que o mercado financeiro no Brasil é muito forte e elogiou reformas estruturantes feitas pelo país nos últimos anos.
Em meio à elevação de ruídos após o governo afrouxar metas fiscais, Campos Neto apontou a aprovação das novas regras para as contas públicas como fator positivo, apesar de citar questionamentos.
"Nós fizemos um (novo) arcabouço fiscal, obviamente as pessoas estão sempre questionando até que ponto você é capaz de seguir o arcabouço, mas nós fizemos. O Brasil fez várias reformas", afirmou.
(Reportagem de Bernardo Caram, em Brasília, e Luana Maria Benedito, em São Paulo)