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Obama apresenta novo imposto que pune bancos por excessos

Publicado 14.01.2010, 18:19

Washington, 14 jan (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, apresentou hoje o novo imposto que quer impor aos bancos para penalizar seus excessos, como as "bonificações obscenas", e que permitirá recuperar parte do dinheiro público investido no resgate financeiro.

Se for aprovado pelo Congresso, o novo encargo, batizado como "taxa de responsabilidade na crise financeira", permitirá arrecadar US$ 90 bilhões em dez anos e US$ 117 bilhões em 12 anos, conforme a Casa Branca.

As 50 maiores entidades que operam no país deverão pagar o novo imposto, desde bancos às seguradoras e os intermediários financeiros, sendo 15 filiais de estrangeiras.

Pelos cálculos dos analistas, o imposto envolverá o pagamento de US$ 1,5 milhão para cada US$ 1 bilhão de ativos das entidades. Estimativas apontam que 60% das arrecadações serão oriundas das dez maiores empresas financeiras dos Estados Unidos.

Na apresentação da iniciativa, Obama disse que se os grandes bancos estão em tão boas condições que podem pagar "bonificações obscenas" também podem devolver à cidadania o dinheiro que os salvou do colapso.

O presidente se referiu assim ao plano de resgate financeiro de US$ 700 bilhões conhecido como Programa de Alívio de Ativos Depreciados (TARP, na sigla em inglês), que foi aprovado no final de 2008 pelo Governo anterior.

Levando em consideração que nem todo o dinheiro foi gasto, e que alguns bancos estão devolvendo as ajudas, a Casa Branca calcula que o TARP custará US$ 117 bilhões, abaixo dos US$ 341 bilhões que estava no verão passado.

De qualquer maneira, o novo imposto estará em vigor até que se recupere todo o dinheiro público investido no resgate das grandes entidades financeiras.

A proposta de Obama coincide com um crescente descontentamento público pelas inúmeras bonificações que os bancos estão pagando aos seus executivos, e pelo fato de não terem suspendido o pagamento de dividendos aos acionistas, em um ambiente de crise econômica e elevados índices de desemprego.

"Nosso país suportou a recessão mais profunda em várias gerações", disse o líder. "E grande parte do problema se deveu à irresponsabilidade dos bancos e as instituições financeiras".

Estas empresas "assumiram riscos insensatos buscando o lucro no curto prazo e bonificações crescentes e causaram uma crise financeira que quase destruiu a economia em uma segunda Grande Depressão".

"Meu compromisso é a recuperação de cada centavo devido ao povo", sustentou Obama. "E minha determinação de alcançar esta meta fortalece quando vejo relatórios de lucros enormes e bonificações obscenas nas mesmas empresas que devem sua sobrevivência ao povo, que não foi indenizado e que segue enfrentando as dificuldades reais da recessão".

"Se os bancos estão em tão boas condições como para pagar bonificações enormes, seguramente têm condições de devolver o dinheiro aos cidadãos", reiterou.

A proposta será encaminhada ao Congresso, onde os democratas têm maioria em ambas as câmaras, e onde não é clara a posição dos republicanos que, durante um ano, se opuseram praticamente a todas as iniciativas de Obama.

Os grupos de pressão que representam os bancos preparam uma campanha agressiva para impedir a aprovação do imposto, que consideram uma medida populista.

Um argumento dos banqueiros é que o dinheiro arrecadado pelo encargo será retirado do sistema bancário, onde poderia ser utilizado para apoiar novos empréstimos.

Mas a Casa Branca insiste que os bancos devem ajudar a tapar o buraco gerado pelo resgate financeiro.

"Os bancos deveriam assumir sua responsabilidade e cooperar conosco em lugar de evitar suas obrigações", disse hoje a assessora de alta hierarquia da Casa Blanca Valerie Jarrett, em um programa da cadeia "MSNBC" de televisão. "A cada dia, o povo comum paga suas obrigações. Por que os bancos não fazem o mesmo?" EFE

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