Washington, 28 nov (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, recebe nesta segunda-feira na Casa Branca alguns líderes da União Europeia (UE) com os quais pretende conversar sobre a atual crise da dívida na Europa, as mudanças políticas nos países árabes e as crescentes tensões com o Irã.
Do lado europeu, participam da cúpula o presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy; o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso; e a alta representante para Política Externa e Segurança Comum do bloco, Catherine Ashton.
Este é o primeiro encontro realizado em Washington desde que o tratado de Lisboa entrou em vigor há dois anos, quando estabeleceu um novo formato para a representação exterior da UE. A reunião ocorre em meio a investidas desesperadas dos governos europeus para devolver a calma e a confiança aos mercados.
Por enquanto, nenhuma das decisões tomadas pelos líderes e pelas instituições da zona do euro conseguiu impedir o contágio da crise, que começou na Grécia, mas que já atingiu economias maiores, como a Itália e a Espanha, enquanto a zona do euro inteira sofre as consequências da fuga dos investidores.
Dentro de dez dias, líderes dos 27 países-membros da UE realizarão em Bruxelas o encontro do Conselho Europeu, quando possivelmente estabelecerão um novo pacto fiscal, que está sendo preparado pela chanceler alemã, Angela Merkel, e pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy.
Esse pacto buscará endurecer a disciplina orçamentária dentro da zona do euro, o que poderia abrir o caminho a uma intervenção mais contundente do Banco Central Europeu (BCE) em apoio à dívida dos países mais afetados.
Nas últimas semanas, o governo americano deu mostras de impaciência pelo que considera uma reação lenta e fraca demais dos dirigentes europeus diante de uma crise que ameaça não só o bem-estar da Europa e seu projeto de unidade, mas também a estabilidade financeira internacional e o crescimento econômico mundial.
EUA e UE concentram mais de 50% do PIB mundial e mais de 40% do comércio global. Uma recaída da Europa na recessão - não necessariamente um colapso do euro ou do sistema bancário da zona - teria consequências muito negativas aos Estados Unidos, principal parceiro do Velho Continente em comércio e investimentos, que somam cerca de US$ 4 trilhões.
Da cúpula desta segunda-feira, espera-se uma mensagem de unidade. "Espero que a reunião produza uma boa e valioso troca de ideias sobre a crise da dívida - que afeta a todos profundamente -, mas também que permita superar a crise e abordar as relações econômicas a longo prazo", comentava em seu blog neste domingo o embaixador dos EUA perante a UE, William E. Kennard.
A cúpula será a ocasião para fazer um balanço da evolução da chamada Primavera Árabe, na qual americanos e europeus expressaram apoio às aspirações democráticas dos povos do norte da África e do Oriente Médio. Os líderes pretendem falar ainda sobre os próximos passos em relação ao Irã, acusado de manter um programa nuclear com objetivos militares.
Antes do encontro entre os principais dirigentes, haverá uma reunião do Conselho de Energia EUA-UE na qual serão abordadas questões de política energética em conexão com a política externa e de segurança.
Na terça-feira, será realizado o chamado Transatlantic Economic Council, criado em 2007 quando o Conselho Europeu era presidido pela chanceler alemã. O evento tem o objetivo de maximizar a dimensão econômica das relações bilaterais e terá como tema principal a cooperação no âmbito de veículos elétricos, mercado avaliado em mais de US$ 1 trilhão.
Europeus e americanos pretendem suprimir barreiras comerciais, administrativas e de investimento de um para o outro lado do Atlântico Norte para organizar este mercado e fixar suas próprias regras antes de novas investidas da China. EFE