Paris, 28 nov (EFE).- A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) pediu nesta segunda-feira que os países da zona do euro evitem a disseminação da crise da dívida, pois a quebra de um país ou banco da região poderia arrastar a Europa para uma grande recessão.
A OCDE disse também que o Banco Central Europeu (BCE) deveria intervir para solucionar o problema. "Necessitamos de um sinal para acalmar os mercados", pois até agora a "resposta política da eurozona para a crise foi inadequada", afirmou o economista-chefe da organização, Pier Carlo Padoan, na apresentação à imprensa do relatório semestral da OCDE.
O economista criticou a demora na tomada de decisões dos países da zona do euro e acrescentou que o contágio da crise pode ser evitado com a intervenção do BCE com o auxílio do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).
O documento aponta que as nações da zona do euro entraram nos últimos meses numa recessão por enquanto suave. Segundo as previsões, o crescimento econômico na região em 2012 será de apenas 0,2%, muito abaixo dos 2% estipulados em maio. Já a expansão econômica será negativa em Portugal (-3,2%), Grécia (-3 %) e Itália (-0,5%).
O desemprego passaria do atual 9,9% para 10,3% no ano que vem, puxado pelos índices da Espanha, onde se calcula que esta taxa pode aumentar de 21,5% até 23% em 2012.
Além desse cenário por si só obscuro, a OCDE alerta para a falta de confiança dos mercados na zona do euro, o que joga as notas de risco de alguns de seus membros para baixo, fator que pode gerar uma moratória ou quebra bancária e uma consequente recessão.
Numa situação como esta, a organização previu que o PIB da eurozona seria reduzido em 2% tanto no ano que vem como em 2013, e a crise cruzaria o Atlântico. Em 2012, o crescimento do PIB nos EUA também cairia 2%.
Mas se esses prognósticos sombrios não se confirmarem, segundo o relatório da OCDE, a economia americana irá se expandir 2% no ano que vem. O índice, no entanto, é bem menor do que o previsto há seis meses, que apontavam crescimento de 3,1% em 2012, e de 2,5% em 2013. Embora economista-chefe da organização tenha focado suas análises na Europa, ele afirmou que a melhora da economia da zona do euro depende de ajustes orçamentários dos EUA.
O caso do Japão é um pouco diferente: o documento aponta para um aquecimento do país, que sairá de uma recessão de 0,3% nesse ano para um crescimento de 2% no ano que vem. Os números refletem a reconstrução das áreas atingidas pelo tsunami que atingiu o Japão em março. Mas em 2013, a economia se expandiria tímidos 1,6%.
Os países emergentes também não serão imunes às turbulências da crise, aponta a OCDE. Devido à estagnação do comércio mundial, o crescimento da China passará do atual 9,3% para 8,5% no ano que vem. Em 2013, no entanto, a expansão seria de 9,5%.
No Brasil, as perspectivas são ruins. Em 2011, a taxa de crescimento da economia foi de 3,4%, após 7,5% registrado no ano passado. Em 2012, o índice ficaria em 3,2%, e em 2013, em 3,9%.
Padoan insistiu na tese de que a indecisão política europeia é o fator que contamina as outras economias, e atacou a posição alemã contrária à utilização dos fundos do BCE para comprar dívida dos países da zona do euro. No entanto, ele se mostrou favorável à criação dos eurobônus defendidos pela Alemanha.
"Eles podem ser um instrumento muito útil. Mas precisam ser acompanhados de uma maior governabilidade na zona do euro, com maior coordenação das políticas econômicas e fiscais", afirmou o economista italiano. EFE