Brasília, 14 jul (EFE).- A Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê que a economia do Brasil
cairá 0,8% este ano, com crescimento de 4% para o ano que vem,
segundo um relatório bienal apresentado hoje.
O secretário-geral da OCDE, Ángel Gurría, destacou que o Brasil
poderá retomar o rumo do crescimento em 2010 graças às suas
políticas de estímulo e à gestão prudente das finanças públicas, que
permitiram resistir à crise "melhor que muitos outros países".
"As políticas prudentes permitiram ao Brasil responder à crise
global com medidas anticíclicas, o que significa utilizar as
economias dos bons tempos como apoio quando a situação estiver
ruim", disse Gurría, ao apresentar o relatório em Brasília.
O Brasil se encontra em uma recessão técnica, após acumular
contrações de 3,6% no último trimestre de 2008 e de 0,8% no primeiro
deste ano.
Gurría informou que, segundo o relatório, ainda há espaço para
reduções mais profundas na taxa básica de juros, o que estimularia a
economia. Contudo, ele alertou que novas medidas poderiam ser
contraproducentes, a menos que a economia continue desacelerando.
O Banco Central vem reduzindo a taxa de juros desde janeiro. De
13,75%, ela passou para 9,25% - a menor na história.
No primeiro semestre do ano, a inflação acumulada foi de 2,57%,
número que está dentro da meta de 4,5% do Governo.
O relatório aponta que o "maior desafio" do Brasil será conter o
aumento do gasto público se as medidas sociais a longo prazo forem
asseguradas.
A OCDE recomendou que o gasto público, que em 2008 chegou a 32,5%
do PIB, destine mais fundos ao desenvolvimento de infraestruturas, e
que o Governo dê atenção à relação entre custo e efeito dos
programas públicos, incluindo os da área social.
A organização também pediu que seja iniciada uma reforma
tributária que ajude a recuperar a economia, impulsione a iniciativa
empresarial e coloque fim às políticas industriais "depredadoras"
entre os Governos estaduais.
Entre as propostas da OCDE, destaca-se a unificação dos impostos
indiretos entre os estados, a simplificação dos diversos sistemas
tributários que taxam os lucros empresariais e a redução dos
encargos aos assalariados. EFE