César Muñoz Acebes.
Quito, 11 dez (EFE).- Os países-membros da Opep mantiveram neste sábado sem mudanças as metas de produção na reunião em Quito, mas mostraram uma falta de consenso sobre o que fazer se o preço do barril de petróleo chegar aos US$ 100, como previram alguns especialistas.
Na declaração conjunta, os 12 exportadores petroleiros se mostraram tranquilos perante a alta recente do petróleo por volta dos US$ 90 em Nova York, um nível que, segundo o secretário-geral da Opep, Abdalla Salem El-Badri, "não prejudica o crescimento" mundial.
A alta está escorada por uma recuperação econômica mais enérgica que o previsto e um aumento da demanda de energia na China, Índia e, principalmente, nos Estados Unidos.
Mas a Opep também vê que a alta de consumo do petróleo provavelmente se desacelerará em 2011, porque a Europa pode cair "em uma segunda crise bancária" e porque existe uma capacidade de produção adicional "ampla" no setor.
Essas são as razões argumentadas no comunicado final para se manter impassível perante a escalada do petróleo, que estava na faixa de US$ 70 e US$ 80 durante quase todo o ano, mas que na terça-feira passada subiu para US$ 90 na Bolsa de Nova York, retrocedendo posteriormente um pouco mais de US$ 2.
Alguns analistas preveem que essa escalada passará pela primeira vez em dois anos dos US$ 100 e perante essa possibilidade o comportamento da Opep é ainda imprevisível.
No lado dos cautelosos estão Angola e Arábia Saudita, o maior exportador do mundo e membro mais influente da Opep, enquanto Irã, Venezuela e Líbia disseram neste sábado que querem que o barril fique em três dígitos.
O ministro do Petróleo e Recursos Minerais da Arábia Saudita, Ali al-Naimi, afirmou que a categoria de preço por barril de "US$ 70, US$ 80 está bom".
E o ministro do Petróleo de Angola, José Maria Botelho de Vasconcelos, disse se sentir cômodo com um barril de petróleo a US$ 90, ao mesmo tempo que afirmou que se o valor do petróleo subir excessivamente a Opep deve tomar medidas para freá-lo.
Do outro lado, o ministro do Petróleo iraniano, Masoud Mir-Kazemi, disse que "US$ 100 de preço nominal é bom".
Seu país é o segundo maior produtor de petróleo do cartel e neste sábado assumiu a Presidência temporária da Opep das mãos do Equador.
Na mesma posição está o ministro da Energia e Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez.
"Achamos que o curso que o preço do petróleo está tomando está na direção do preço que consideramos justo, que são os US$ 100 por barril", afirmou Ramírez.
Por sua parte, o chefe da delegação líbia perante a Opep, Shokri Ghanem, também advogou por um barril a esse valor e afirmou: "Quando acharmos que há escassez de abastecimento no mercado, certamente elevaremos nossa produção, mas isso não é uma função do preço".
Os ministros concordaram na reunião que não há nenhum problema no mercado petroleiro neste momento, o que provavelmente explica por que o encontro durou apenas duas horas, muito menos que o previsto.
"Os fatores fundamentais são bons. O mercado está em equilíbrio agora", disse Al-Naimi.
Por sua parte, El-Badri disse que a organização só mudará seu nível de bombeamento se houver um problema na relação entre oferta e procura, nos estoques e na capacidade de produção, os elementos "fundamentais" do mercado petroleiro.
Esse não é o caso agora, a julgamento do secretário-geral, que disse que os estoques mundiais são superiores em sete dias de consumo a média dos últimos anos. "Há muito petróleo no mercado. Não há escassez", ressaltou.
El-Badri não quis dizer que nível de preços motivaria um aumento da cota de produção da Opep, que está fixa há dois anos, e insistiu que o cartel prestará atenção nas condições do mercado e não no valor do barril de petróleo.
"Se as bases fundamentais são corretas e o preço disparar a US$ 147, como ocorreu em 2008, não é nosso problema, é problema da especulação, e não interferiremos", afirmou.
Mesmo assim, o ministro equatoriano de Recursos Naturais Não Renováveis, Wilson Pástor, disse que o cartel poderia convocar uma reunião extraordinária se o preço do petróleo chegar aos US$ 100. EFE