Wanda Rudich.
Viena, 15 set (EFE).- A Organização dos Países Exportadores de
Petróleo (Opep) revisou hoje com ligeira alta a previsão anterior
sobre a demanda mundial de petróleo e calcula produção 84,05 milhões
de barris diários (mbd) para este ano, uma contração anual de 1,83%,
e em 84,56 mbd para 2010.
Países como o Brasil e Argentina registraram em junho o retorno
do crescimento do consumo energético, ao contrário dos países
industrializados, onde a retração da demanda persiste.
A correção é tão moderada, no entanto, que a Opep avalia em seu
relatório mensal divulgado hoje que as previsões ficam praticamente
idênticas as de um mês.
É a primeira vez em mais de um ano que a organização apresenta
uma melhora das estimativas: a revisão do retrocesso do consumo em
2009 é apenas de 0,10 pontos percentuais e de 0,01 ponto percentual
na correção de crescimento de 2010.
Além disso, há uma forte correção dos números correspondentes aos
países industrializados da Organização para Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE), em que se espera um retrocesso de
0,9 mbd, a metade da contração prevista há um mês. O cenário mais
positivo ocorre diante da expectativa de um avanço no consumo
energético dos Estados Unidos.
Assim, após dois anos de redução por causa da crise financeira e
econômica, a Opep estima que em 2010 a demanda aumente, mesmo que de
forma moderada, 0,5 mbd mais do que em 2009, o que corresponde a
0,6%. O crescimento deve ser claramente liderado pela China, com 0,3
mbd, seguido do Oriente Médio e a Índia.
Os ajustes para cima são consequência de uma melhora nos números
do crescimento mundial para o segundo trimestre, sustentada pelos
estímulos fiscais e monetários, com fez a França e a Alemanha.
A crise econômica-financeira colocou o índice de crescimento do
primeiro semestre deste ano no menor nível desde o início dos anos
80, chegando aos 83,17 mbd no segundo trimestre.
Frente aos cortes de abastecimento realizados pelos países da
Opep neste ano, para evitar a redução dos preços, a maioria os
produtores alheios à organização aumentaram sua produção.
Este cenário de baixa demanda ampliou a oferta e propiciou um
aumento das reservas de petróleo e derivados nas principais nações
consumidoras.
Em agosto, as reservas superaram em 128 milhões de barris o
volume meio dos últimos cinco anos.
Além dos estoques tradicionais, mais de 115 mbd de petróleo e
produtos petrolíferos estão armazenados em navios.
"Um inverno frio não seria suficiente para abalar o acúmulo dos
estoques de destilados (incluindo gasóleo para calefação),
especialmente quando uma parte da demanda poderá ser coberta pelo
gás natural", ressalta a Opep.
Os especialistas advertem o risco de um novo aumento das reservas
comerciais nos países da OCDE, que atualmente estão abaixo do nível
máximo alcançado no terceiro trimestre de 1998, quando o preço do
petróleo iniciou uma queda que levou o barril a menos de US$ 10 em
1999.
No entanto, as cotações do petróleo se fortaleceram de forma
significante no mês passado.
Uma melhora dos sinais econômicos e uma baixa nos EUA estão entre
os principais fatores por trás da valorização do petróleo da Opep,
que calcula a média de US$ 71,35, 6,76% superior a julho, antes de
ficar moderado em setembro, lembra o relatório.
A cotação diária do barril ontem foi de US$ 66,47. EFE