Mario Villar.
Berlim, 15 abr (EFE).- A Otan segue por enquanto à espera de novos aviões por parte dos seus parceiros para manter o ritmo dos ataques contra o regime líbio, operações que garantiu que vão continuar até a queda de Muammar Kadafi.
Os ministros de Exteriores da Otan encerraram nesta sexta-feira em Berlim dois dias de reuniões sem grandes avanços concretos na campanha da Líbia, que ocupou a maior parte das discussões.
Apesar de não ter obtido ainda ofertas perante sua reivindicação de mais aviões capazes de bombardear alvos terrestres, a Otan acredita que os países vão cumprir seu papel e vão fornecer tais unidades.
O secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, disse nesta sexta-feira que existem "indicações" que isso ocorrerá "em um futuro muito próximo".
Na quinta-feira, a Otan admitiu que seus comandantes queriam ter ao menos 10 aviões de ataque suplementares para seguir com suas operações contra tanques, e outros alvos de Kadafi difíceis de alcançar sem causar efeitos colaterais.
No entanto, Espanha e Itália - dois dos parceiros que indicavam que seguiram os passos da França e Reino Unido - descartaram na quinta-feira a possibilidade de aumentar sua participação militar na Líbia.
Atualmente, só uma minoria de países autoriza seus aviões a lançar bombas contra solo líbio e se centram em tarefas de controle e vigilância.
A intenção da Otan é manter a pressão sobre Trípoli enquanto Kadafi continuar no poder, como avançaram nesta sexta-feira em artigo conjunto entre os líderes da França, Estados Unidos e Reino Unido.
"A Otan continuará sua operação enquanto haja uma ameaça sobre os civis, e é impossível pensar que essa ameaça pode desaparecer com Kadafi no poder", assegurou Rasmussen após seu encontro com os ministros de Exteriores.
O grupo se reuniu nesta sexta-feira com o ministro russo, Sergey Lavrov, cujo país é muito crítico com a intervenção aliada na Líbia, o que voltou a deixar clara a decisão em Berlim.
Lavrov declarou que, para a Rússia, a Otan ultrapassou em algumas ocasiões o mandato da resolução 1973 do Conselho de Segurança da ONU e lembrou que esta "não autoriza nenhuma ação para mudar o regime na Líbia", além de ressaltar também que a ideia de armar os rebeldes de alguns países violaria esse texto.
Além disso, considerou "importante" passar "urgentemente" ao plano político e advertiu perante o uso de uma "força militar excessiva" que poderia provocar baixas civis.
Rasmussen, por sua parte, destacou que a Otan está "implementando, em conformidade estrita com a letra e o espírito", a resolução das Nações Unidas e descartou o envio de tropas terrestres à Líbia, algo que não contempla o texto.
A Aliança entrou em acordo com a União Europeia para realizar em breve uma reunião informal de embaixadores para analisar a situação no conflito líbio e a possível cooperação entre as duas organizações.
Fora da atualidade líbia, Rússia e a Aliança repassaram nesta sexta-feira suas complexas relações e acordaram em continuar avançando na coordenação de seus futuros sistemas de defesa antimísseis.
Além disso, pactuaram iniciar um fundo econômico para facilitar helicópteros às forças armadas do Afeganistão a fim de garantir a segurança no país, uma ideia que já tinham acordado previamente.
Os aliados mantiveram nesta sexta-feira encontros com os ministros de Exteriores da Ucrânia, Konstantin Grischenko, e da Geórgia, Grigol Vashadze, a quem pediram mais reformas democráticas se o país aspira ingressar algum dia na Otan. EFE