Papa expressa preocupação com falta de liberdade religiosa na China

Juan Lara.

Cidade do Vaticano, 25 dez (EFE).- O papa Bento XVI denunciou neste sábado a falta de liberdade religiosa na China, expressou sua preocupação com os atingidos pelos desastres naturais na América Latina, e fez votos para que se impulsione o diálogo entre Costa Rica e Nicarágua, que atualmente travam um conflito diplomático.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro do Vaticano em uma manhã chuvosa, o pontífice pronunciou a tradicional Mensagem de Natal, com foco especial na América Latina, onde as incessantes chuvas em vários países já causaram inúmeras mortes, e no Haiti, onde os habitantes ainda sofrem as consequências do terremoto de janeiro e da epidemia de cólera.

Neste dia de Natal, Bento XVI exortou aos líderes políticos e religiosos do mundo que se comprometam com o "pleno respeito da liberdade religiosa de todos" e mais uma vez expressou sua preocupação com a situação na Terra Santa.

"Que a luz do Natal resplandeça novamente naquela Terra onde Jesus nasceu e inspire israelenses e palestinos a buscarem uma convivência justa e pacífica. Que o anúncio da chegada de Jesus alivie a dor e conforte as comunidades cristãs no Iraque e em todo o Oriente Médio, dando-lhes coragem e esperança para o futuro", disse o papa.

Nos últimos tempos, os cristãos estão no ponto de mira do terrorismo no Iraque. Em 31 de outubro, em um atentado contra a catedral sírio-católica de Bagdá, foram assassinados dois sacerdotes e mais de 50 fiéis.

Bento XVI destacou recentemente, "com dor", que os cristãos são agora o grupo religioso que sofre o maior número de perseguições.

Ele pediu aos líderes mundiais uma solidariedade efetiva para com essas comunidades afetadas e pediu "que se faça o mesmo" com aqueles que ainda sofrem as consequências do devastador terremoto de janeiro e a recente epidemia de cólera no Haiti.

"E que também não se esqueça dos que na Colômbia e na Venezuela, como também na Guatemala e Costa Rica, foram afetados por recentes calamidades naturais", acrescentou.

Em seu olhar para a América Latina, também pediu que se "impulsione o diálogo" diplomático entre Nicarágua e Costa Rica, ambas as nações em atrito desde outubro passado, quando San José acusou Manágua de invadir parte de seu território na Isla Calero, no Caribe, o que nicaraguenses rejeitam e dizem que seus militares estão em solo próprio combatendo o narcotráfico.

Poucos dias depois de o Vaticano acusar a China de prejudicar o diálogo e de realizar gestos "hostis" - pelo fato de o Governo de Pequim ter promovido uma assembleia de bispos sem a permissão de Roma e por um padre ter sido ordenado na China sem o aval do papa -, Bento XVI pediu neste sábado aos católicos chineses "fé, paciência e força".

O Bispo de Roma se dirigiu a eles destacando que era muito importante "não desanimar diante das limitações a sua liberdade de religião e consciência" e manter viva a chama da esperança.

"Que o amor de Deus dê perseverança a todas as comunidades cristãs que sofrem discriminação e perseguição, e inspire os líderes políticos e religiosos a se comprometerem com o pleno respeito da liberdade religiosa de todos", defendeu o pontífice.

O papa também pediu paz duradoura para Somália, Darfur (conflituosa área do Sudão) e Costa do Marfim, estabilidade política e social no Madagáscar e respeito dos direitos humanos no Afeganistão e Paquistão, além de expressar o desejo de reconciliação na península coreana.

Bento XVI destacou que o nascimento de Cristo não é só um anúncio, "é um acontecimento, um fato que testemunhas confiáveis viram, ouviram e tocaram".

Ele acrescentou que o anúncio do Natal é também luz para os povos e toda a humanidade. Segundo ele, se faltasse o reino de Cristo, "desapareceria a força que leva adiante o verdadeiro desenvolvimento, o impulso de colaborar pelo bem comum, o serviço desinteressado do próximo, a luta pacífica pela justiça".

O papa disse que Jesus é motivo de esperança "para todos aqueles cuja dignidade é ofendida e violada", pois, segundo ele, "veio ao mundo para libertar os homens da raiz de toda escravidão".

Após a mensagem, dividiu a bênção "Urbi et Orbi" (a Roma e a todo o mundo) em 65 idiomas, entre eles português. EFE