Paris, 21 ago (EFE).- O presidente do banco Société Générale (SG), Frédéric Oudéa, cuja entidade foi uma das mais afetadas este mês pelos rumores lançados sobre a solvência dos bancos franceses, disse neste domingo que o "nervosismo" em torno desse setor pode se prolongar por meses.
"O nervosismo sobre os valores bancários pode durar pelo menos até princípios de novembro. Chegará o momento em que comunicaremos ao mercado que os bancos não tem problemas de liquidez, que sua atividade está saudável e que sua capacidade de investimento está intacta", assinalou em entrevista concedida ao jornal "Le Journal du Dimanche" (JDD).
"Por enquanto - estimou - todos os bancos são vítimas das análises sobre a queda das perspectivas de crescimento mundial, e com certeza das dúvidas a respeito da dívida da zona do euro. Os mercados aguardam também decisões políticas que demoram a chegar".
Para Oudéa, o fato de que "Estados Unidos, Alemanha e França se preparam para realizar eleições" é outro fator que me faz acreditar que ainda vamos atravessar um período de espera".
Em sua opinião, no entanto, não vai haver recessão: "O segundo trimestre marcou uma ruptura. Tínhamos dito que o crescimento dos países desenvolvidos ia ser moderado. E depois, os mercados ficaram reféns de um pessimismo excessivo. Havia muito otimismo e agora há pessimismo demais. As coisas vão voltar a se equilibrar, mas levará seu tempo".
Oudéa acrescentou que a zona do euro necessita, entre outras medidas, de "convergência econômica e integração das políticas fiscais", pontos que "não vão conseguir tão rápido como os mercados gostariam", e apontou que "a consolidação do setor não chegará se a situação não mudar".
Perguntado sobre a possibilidade de que se lance uma OPA (Oferta Pública de Aquisição) contra Société Générale, cujos títulos perderam quase 15% em 10 de agosto por causa da publicação de informações sobre sua elevada exposição à dívida soberana grega, descartou igualmente que "vai ser traçado algum movimento estratégico".
"Na Europa bancária não vai acontecer nada caso nada ocorra no continente europeu a curto prazo", sustentou o presidente do SG, que após os ataques das bolsas de valores a esse banco, emitiu mensagens tranqüilizadoras sobre a solidez do próprio. EFE