Por Marco Aquino
LIMA (Reuters) - O parlamentar peruano Francisco Sagasti tomou posse como presidente interino do país nesta terça-feira, após ser escolhido pelo Congresso em uma tentativa de retorno à estabilidade em uma nação que viu protestos violentos e a saída de dois presidentes na última semana.
Sagasti, um legislador da legenda de centro Partido Roxo, deve cumprir seu mandato até julho do ano que vem, com uma nova eleição presidencial marcada para o dia 11 de abril.
O país andino está estremecido desde a derrubada abrupta do popular líder Martín Vizcarra em um processo de impeachment no dia 9 de novembro. A saída de Vizcarra, cuja agenda anticorrupção havia causado tensão no Congresso, levou a protestos muitas vezes violentos nos quais dois jovens foram mortos.
O sucessor de Vizcarra, Manuel Merino, renunciou no domingo após apenas cinco dias no poder.
"É absolutamente necessário manter a calma, mas não confundam isso com passividade, conformidade ou resignação", disse Sagasti em um discurso ao Congresso após sua posse.
A indicação de Sagasti parece realmente ter acalmado as tensões, embora uma profunda desconfiança com os políticos do país permaneça. Na noite de segunda-feira, centenas de pessoas protestaram na capital Lima pedindo uma nova constituição e "Justiça para os que tombaram".
"Eu acho que Sagasti é alguém que oferece garantias democráticas, que pode fazer uma transição a um novo governo que ficará bem", disse uma manifestante chamada Paloma Carpio.
Sagasti, de 76 anos, um engenheiro ex-funcionário do Banco Mundial, ainda não indicou seu gabinete, mas disse que está disposto a incluir ministros do governo de Vizcarra, o que poderia abrir a porta para o retorno da ministra da Economia María Antonieta Alva, uma das principais estrelas do governo anterior.
"Se forem pessoas com experiência, integridade e vontade de trabalhar, eu acredito que faríamos errado se os deixarmos de lado", disse Sagasti à rede local de televisão Canal N.
Sagasti é o quarto presidente do Peru em menos de três anos, após as saídas de Vizcarra e Merino, e a renúncia de Pedro Pablo Kuczynski em 2018 após alegações de corrupção.
A moeda peruana reagiu positivamente às notícias, subindo 1,75% nesta terça-feira, maior alta diária em sete meses. Os títulos soberanos do país também apresentaram valorização.
O Peru, segundo maior produtor de cobre do mundo, foi atingido duramente neste ano pela pandemia de Covid-19, e deve reportar sua maior contração econômica anual em um século.
(Reportagem adicional de Maria Cervantes)