Washington, 23 set (EFE).- Os chefes de Estado ou de Governo do
Grupo dos Vinte (G20, os países desenvolvidos e as principais nações
emergentes) se reúnem em Pittsburgh, na quinta e na sexta-feira,
para coordenar políticas que sustentem os sinais de recuperação que
a economia mundial começa a dar após a pior crise desde a Grande
Depressão.
Esta é a relação das mais graves crises que atingiram os mercados
desde o "crack" da bolsa de Nova York, em 1929, e as medidas tomadas
para resgatá-los:.
1929. "O crack de 29". A crise econômica mundial dos anos 1930
foi precipitada pela queda dos preços de produtos agrários no
mercado americano em 1928.
A bolha estourou em 29 de outubro de 1929, quando, após três
meses de quedas consecutivas na produção e nos preços, foram
vendidas, de uma só vez, 16 milhões de ações, o que quebrou a Bolsa
de Nova York.
Depois do desastre de 1929, a legislação básica da bolsa foi
alterada. Uma das leis fundamentais foi o "Securities Exchange Act"
(1934), que criou a Comissão de Valores Mobiliários (SEC, em
inglês), o órgão encarregado da supervisionar e vigiar os mercados
nos EUA.
Algumas de suas funções são: divulgar informações ao público
sobre os produtos que compram, ordenar as atividades das entidades
que intervêm no mercado, fiscalizar para que não haja abusos e
controlar as atividades das bolsas de valores.
1944. Após a Segunda Guerra Mundial, a comunidade internacional
realizou uma conferência monetária e financeira promovida pelas
Nações Unidas. Do encontro, surgiram os acordos de Bretton Woods,
que determinaram as regras para as relações comerciais e financeiras
entre os países mais industrializados do mundo.
Também foi decidida a criação do Banco Mundial (BM) e do Fundo
Monetário Internacional (FMI), assim como o uso do dólar como moeda
de referência internacional.
1971- "O fim do padrão ouro". O excessivo gasto dos EUA em
investimentos no exterior e a Guerra do Vietnã fizeram as reservas
de ouro do país caírem drasticamente. Com isso, o valor do dólar
deixou de ser lastreado por este metal.
Por isso, em meio a fortes especulações e fugas de capitais, o
presidente Richard Nixon decidiu suspender a conversibilidade com o
ouro e desvalorizou a moeda americana em 10%, algo que fez sem
consultar os demais membros do Sistema Monetário Internacional.
Dois anos depois, os EUA voltaram a desvalorizar a moeda,
acabando finalmente com o "padrão ouro". Assim começou a era dos
câmbios flutuantes, que variam em função da evolução dos mercados
internacionais de capital.
1973. "Embargo do petróleo durante o conflito arabe-israelense".
O corte no fornecimento promovido pelos países da Organização dos
Países Exportadores de Petróleo (Opep) durante a Guerra do Yom
Kippur fez a cotação do produto subir US$ 2,50, para US$ 11,50, em
1974. Isto elevou os gastos do Ocidente com energia e provocou uma
forte crise nos países mais industrializados.
A partir desta crise de preços, os países ocidentais começaram a
adotar políticas para poupar e diversificar a matriz energética.
Como medida de defesa, em 1974 também foi criada a Agência
Internacional de Energia (AIE).
1979. "A Revolução Iraniana". A derrubada do xá Mohammad Reza
Pahlevi e a instauração da República Islâmica no Irã voltaram a
impactar o preço do petróleo e a causar um novo colapso
internacional.
Embora as economias ocidentais estivessem mais preparadas desta
vez, já que haviam reduzido bastante seu consumo de petróleo, a
queda na oferta provocou um longo período de preços
extraordinariamente altos.
A crise afetou principalmente os países em desenvolvimento, que,
além da inflação e dos gastos maiores com a compra de petróleo,
tiveram que enfrentar um ciclo de crise financeira por sua elevada
dívida externa.
1980. "O Iraque invade o Irã". No final de 1980, o preço do
petróleo tornou a bater recordes. O barril chegou a ser negociado a
US$ 40, nível que não atingia havia dez anos.
Os altos preços levaram o Ocidente a elevar sua própria produção
de petróleo em zonas como o Mar do Norte.
1987. "Segunda-feira Negra". Em 19 de outubro de 1987, milhões de
investidores começaram a vender suas ações na Bolsa de Nova York
devido à crença generalizada de que empresas eram compradas com
dinheiro procedente de empréstimos e de que havia manipulação de
informações privilegiadas.
O Dow Jones despencou 508 pontos (22,6%) num único dia, superando
as sucessivas baixas provocadas pela Grande Depressão e arrastando
as bolsas européias e japonesas.
Isto trouxe como conseqüência a intensificação da coordenação
monetária internacional e dos principais assuntos econômicos.
1997. "Crise do mercado asiático". Em julho, a moeda tailandesa
se desvalorizou, e, após ela, caíram as da Malásia, Indonésia e
Filipinas, o que repercutiu também em Taiwan, Hong Kong e Coréia do
Sul.
Seu efeito arrastou o resto das economias e esta crise, que em um
primeiro momento parecia ser regional, acabou se convertendo na
primeira crise global.
O FMI elaborou uma série de pacotes de "resgate" para salvar as
economias mais afetadas e promoveu uma série de reformas
estruturais.
1998. "Crise do rublo". O sistema bancário nacional da Rússia
entrou em colapso, com uma suspensão parcial de pagamentos
internacionais, a desvalorização da moeda russa e o congelamento dos
depósitos em moeda estrangeira.
O FMI concedeu vários empréstimos multimilionários para conter a
queda livre da divisa e que o impacto fosse irreparável no mercado
internacional. O Fundo também pediu às autoridades russas para
acelerar as reformas estruturais internas para fortalecer seu
sistema financeiro.
2000. "Crise das pontocom". Os excessos da nova economia deixaram
uma esteira de falências, fechamentos, compras e fusões no setor da
internet e das telecomunicações e um grande buraco nas contas das
empresas de capital risco.
Em 10 de março, o principal índice do Nasdaq, máximo expoente da
"nova economia" e do sucesso das empresas de tecnologia, fechou em
5.048,62 pontos, seu recorde histórico.
Em apenas três anos a crise apagou do mapa quase cinco mil
companhias e algumas das grandes corporações de telecomunicações
foram protagonistas dos maiores escândalos contábeis da história.
O Federal Reserve (Fed, banco central americano) respondeu com
uma redução das taxas de 0,5 ponto percentual.
2001. "11 de Setembro". Os atentados de 11 de setembro de 2001
contra as Torres Gêmeas em Nova York e o Pentágono em Washington,
que deixaram um saldo de cerca de três mil mortos, também fizeram
desabar as bolsas.
O Nikkei caiu mais de 6% e as bolsas européias tiveram fortes
quedas que levaram os investidores a buscar abrigo no ouro e nos
bônus do Tesouro americano.
O Fed também respondeu com cortes das taxas - quatro até o fim do
ano- na campanha mais forte de sua história.
2008-2009. A crise financeira originada nos EUA em consequência
das hipotecas lixo ("subprime") que concederam sem garantias a
milhares de cidadãos, acaba com os grandes gigantes financeiros do
país e seu contágio se estende a todo o mundo e afeta às economias
reais, causando a crise mais grave desde os anos trinta.
Esta situação leva ao presidente George W. Bush, primeiro, e a de
Barack Obama, depois, a lançar uma intervenção em massa do Governo
na economia dos EUA, que acabou o 2008 com uma contração trimestral
do 6,3 %, a maior em 26 anos.
A primeira decisão de Bush foi estabilizar o sistema financeiro
com um pacote de US$ 700 bilhões, do que só gastou a metade. Seu
sucessor reconverteu a medida e lançou um plano de recompra de
ativos tóxicos para sanear os balanços bancários que poderia
ascender a US$ 1 trilhão.
Em paralelo, Obama apresentou um ambicioso plano de estímulo de
US$ 787 bilhões, com o qual quer revitalizar a economia a golpe de
investimentos e infraestruturas, educação e emprego, e potenciar uma
nova indústria, a das energias alternativas, para criar novos
empregos.
A terceira parte do plano de Obama é a reforma dos mercados
financeiros, perante a constância de que a supervisão nos anos do
boom financeiro foi pouca ou quase nula.
Nos últimos meses, as economias começaram a dar motivos para o
otimismo e, em agosto, França e Alemanha anunciaram que tinham
começado a crescer no segundo trimestre do ano.
Por sua parte, o presidente do Federal Reserve americano, Ben
Bernanke, afirmou em 15 de setembro que "é muito provável" que a
recessão já tenha terminado nos EUA. EFE