Céline Aemisegger.
Washington, 13 jul (EFE).- A crise econômica mundial vai causar
uma queda de pelo menos 6,9% nas remessas recebidas na América
Latina e no Caribe, regiões afetadas diretamente pela grave recessão
registrada nos Estados Unidos.
O Banco Mundial (BM) publicou hoje suas novas previsões sobre o
fluxo de remessas internacionais para países em desenvolvimento,
revisando para baixo seus cálculos anteriores, que apontavam para um
recuo de 5%.
A previsão mais pessimista está em linha com a revisão em baixa
feita pelo BM em junho sobre as perspectivas da economia mundial,
que, como calcula, terá contração de 2,9% este ano.
Nesse contexto, os países em desenvolvimento registrarão em 2009
no melhor dos casos um recuo de 7,3% no volume de remessas, que
chegou no ano passado a US$ 328 bilhões, e no pior cenário terão
queda de 10,1%.
No caso de América Latina e Caribe, que registraram no ano
passado um volume de remessas de US$ 64 bilhões, com um crescimento
de 2,1%, o BM estima uma queda de 6,9% este ano.
No entanto, aponta que a evolução poderia ser até pior ao incluir
em suas previsões um recuo de 9,4% como possível cenário para 2009.
O enfraquecimento do mercado de trabalho nos EUA, especialmente
no setor da construção, afetou negativamente, principalmente a
partir da segunda metade do ano, o volume de remessas que os
imigrantes latino-americanos enviam a seus países de origem.
O volume de remessas destinadas à América Latina e ao Caribe
cairá este ano a US$ 60 ou 58 bilhões, segundo os cálculos do
economista-chefe do Grupo de Perspectivas para o Desenvolvimento do
BM, Dilip Ratha.
O México - que com US$ 26,3 bilhões é o terceiro país que mais
remessas recebe, atrás de Índia (US$ 52 bilhões) e China (US$ 40,6
bilhões) - teve uma queda de 11% este ano, após um recuo de 4%
registrado ao longo de 2008.
A República Dominicana sofreu queda de 7% até 31 junho; El
Salvador, 10%; Guatemala, 10%, e Honduras, 8%, de acordo com os
números do BM.
O Banco Mundial desvincula essas reduções a um menor fluxo de
migração, como apontaram vários relatórios, ao se referir a novos
dados que indicam que os imigrantes não querem retornar a seus
países porque, apesar da crise, têm melhores condições no exterior.
Uma possível recuperação poderia acontecer já em 2010, com um
crescimento positivo, embora leve, de 1% para toda a região
latino-americana e caribenha, segundo o BM.
No pior dos casos, e se a crise resultar ainda mais profunda e
prolongada que o previsto, experimentará recuo de 2%.
Diante das quedas significativas nessa região, o fluxo de
remessas para o Sul e Leste Asiático continua sendo forte, embora
também registrará uma queda em 2009, de acordo com o BM.
Apesar do revés sofrido pelos países em desenvolvimento quanto às
remessas, o fluxo de dinheiro que os imigrantes enviam a suas casas
será cada vez mais importante como fonte de financiamento externo em
muitas nações, afirma Ratha.
O BM destaca como perigo para uma recuperação do fluxo de
remessas internacionais a possibilidade de que a crise agrave e
prolongue medidas protecionistas por parte dos Governos, algo que
afetaria o mercado de trabalho e a imigração. EFE