Paris, 12 out (EFE).- Um relatório interno do Irã, revelado hoje
pelo jornal francês "Les Echos", adverte às autoridades do regime de
Teerã sobre o risco de afundamento da economia por causa das sanções
internacionais.
Esse relatório confidencial redigido por economistas do Banco
Central do Irã e do Ministério da Economia e entregue no final de
setembro ao líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, destaca
as ameaças "substanciais de um afundamento econômico em menos de um
ano", indicou "Les Echos".
Os autores do documento cifram o impacto potencial das sanções
contra o regime de Teerã em várias dezenas de bilhões de dólares
anuais e recomenda que sejam tomadas "medidas drásticas para evitar
uma grave crise".
Segundo o documento, seria necessário "reconverter de forma
urgente o comércio exterior" para que se substituam os provedores
tradicionais nos países ocidentais por outros na China, Rússia e
Índia, "aumentar as reservas de alimentos e combustíveis" e
transformar as reservas em moeda estrangeira, atualmente em dólares
e euros basicamente, em, por exemplo, iuanes chineses.
Os economistas que aconselham Khamenei constatam os problemas
derivados da retirada das principais empresas ocidentais que
trabalhavam no setor petroleiro, principal fonte de renda do Estado.
A falta de manutenção e de peças de substituição após a suspensão
das atividades da francesa Total, da britânico-holandesa Shell, da
norueguesa Statoil e da italiana ENI são alguns dos motivos da queda
da produção de petróleo iraniano - dos 4,2 milhões de barris diários
em 2009 para 3,5 milhões no meio deste ano.
É cada vez mais problemático o abastecimento de gasolina no Irã,
cujas carências de investimentos em refinarias obrigam o regime a
importar boa parte de seus combustíveis, algo que se torna cada vez
mais complicado como consequência das medidas decretadas pelo
Conselho de Segurança da ONU.
Os quatro pacotes de sanções do Conselho de Segurança da ONU
contra o Irã foram aprovados nos últimos anos para punir o programa
nuclear do país, suspeito de ter fins militares, o que é negado por
Teerã. EFE