Julio César Rivas
Toronto (Canadá), 5 fev (EFE).- Os sete países mais desenvolvidos
do mundo discutirão nesta noite, na cidade canadense de Iqaluit, a
situação da economia global e os mercados financeiros durante um
jantar de trabalho na reunião de ministros de Economia e presidentes
de bancos centrais do G7.
Hoje, o ministro das Finanças canadense, Jim Flaherty, que atua
como anfitrião da reunião, disse que o encontro está planejado para
que seja menos formal e as discussões mais francas.
Participam da reunião representantes dos Estados Unidos, Canadá,
Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Japão.
"Essa reunião não discutirá comunicados negociados e textos
preparados. Será o momento de uma discussão franca e uma
determinação coletiva para ajudar a pôr a economia global firmemente
no caminho da recuperação", afirmou Flaherty, enquanto as delegações
começavam a chegar a Iqaluit.
Flaherty e o Governo canadense justificaram a incomum escolha de
Iaqluit, capital do território de Nunavut, a poucos quilômetros do
Círculo Polar Ártico e a mais de 2,2 mil quilômetros ao norte de
Toronto, para favorecer um ambiente mais propício a essas discussões
francas.
O Canadá também destacou que o G7 continua tendo um papel de
liderança no mundo, apesar da crescente importância do G20, no qual,
além do G7, estão as economias emergentes mais importantes do mundo.
"Como a recente crise global deixou claro, quando o Plano de Ação
do G7 serviu como base para o Plano de Ação do G20 e tudo o que
sucedeu, o G7 ainda tem um papel vital inclusive à medida que
continua evoluindo", acrescentou Flaherty.
No jantar de trabalho desta noite, os ministros e governadores
devem abordar o atual estado da economia mundial e os mercados
financeiros, após a profunda crise de 2008-2009, assim como os
riscos que existem à medida que a maioria dos países começa a se
recuperar economicamente.
Após o jantar, as delegações querem discussões francas sobre o
futuro papel do G7, em meio a temperaturas de 20 graus abaixo de
zero do lado de fora - clima muito mais ameno do que o normal nessa
época em Iqaluit.
No sábado, o dia de trabalho iniciará com um dos temas mais
polêmicos: a reforma do setor financeiro e a necessidade de
coordenar esforços para responder às causas que originaram a crise
financeira.
Os EUA, principalmente, assim como a França e o Reino Unido,
expressaram seu desejo de empreender uma reforma normativa em nível
mundial do setor financeiro, mas o Canadá se mostrou reticente a
apoiar essa ideia.
Também está previsto que ministros e governadores abordem os
chamados desequilíbrios globais. Neles, a maioria dos países do G7
inclui as finanças chinesas que muitos consideram que está abaixo de
seu valor real para favorecer as exportações do gigante asiático.
Nesse sentido, um funcionário do Departamento do Tesouro
americano afirmou na quarta-feira que "o assunto das finanças
chinesas está na mente de todos" e assegurou que será tratado na
reunião de Iqaluit.
A cúpula financeira prevê o encerramento no sábado com um almoço
de trabalho centrado em desenvolvimento e na situação no Haiti após
o terremoto que devastou o país em 12 de janeiro.
O secretário do Tesouro americano, Timothy Geithner, deu hoje seu
apoio ao perdão de toda a dívida do Haiti com os organismos
internacionais de crédito. Ele afirmou, pouco antes de partir para a
Iqaluit, que expressam seu "apoio ao que o Haiti necessita e merece:
o perdão da dívida multilateral".
Geithner disse que os EUA buscarão um compromisso com os outros
doadores para o perdão do que o país deve ao Banco Interamericano de
Desenvolvimento (BID), ao Fundo Internacional de Desenvolvimento
Agrícola e ao Banco Mundial (BM), e para que receba doações
"imediatas".
Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), a dívida total do
Haiti passa de US$ 1,314 bilhão, cujo maior credor é o BID, com uma
parcela de US$ 447 milhões. EFE