Brasília, 9 set (EFE).- O Senado convocou hoje o ministro da
Defesa, Nelson Jobim, para que esclareça a confusão causada pela
compra de 36 caças supersônicos, que parecia ter sido vencida pela
francesa Dassault, com seu modelo Rafale, apesar de o próprio
Governo ter admitido que não descartou as outras duas propostas.
Na segunda-feira, durante a visita do líder fancês, Nicolas
Sarkozy, ao Brasil, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da
Silva, anunciou a abertura das negociações para a compra de 36 caças
Rafale, da Dassault, o que aparentemente confirmou a vitória da
empresa francesa na licitação.
Na noite de terça-feira, no entanto, o Ministério da Defesa
divulgou um comunicado no qual esclareceu que a licitação segue em
andamento, e que as outras duas empresas ainda não foram
descartadas.
O comparecimento de Jobim ao Congresso para esclarecer a situação
foi solicitada hoje pelo senador Renato Casagrande (PSB-ES) e
imediatamente marcada com o ministro para a próxima quarta-feira,
pelo presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado,
Eduardo Azeredo (PSDB-MG).
A licitação aberta pelo Brasil para adquirir 36 caças com os
quais pretende renovar sua frota aérea é disputada, além da francesa
Dassault, com seu modelo Rafale, pela sueca SAAB, com os caça
Gripen, e pela americana Boeing, com seus F18.
Segundo o comunicado assinado por Jobim e divulgado ontem à
noite, o Brasil aceitou iniciar negociações com a Dassault, depois
que Sakozy se comprometeu a oferecer os Rafale "com preços
competitivos, razoáveis e comparáveis".
Segundo versões da imprensa, apesar da preferência de Lula pelos
aviões franceses e por assinar um contrato de aproximadamente US$ 7
bilhões que prevê a transferência de tecnologia francesa, os
encarregados da licitação ainda não entregaram suas conclusões à
Presidência da República.
As mesmas versões indicam que o preço dos aviões franceses é o
mais caro dos três e que o Governo espera uma redução para poder
confirmar o negócio.
Além das negociações para a compra de aviões, os dois Governos
assinarão, na segunda-feira, um ambicioso acordo de cooperação
militar que permitirá o Brasil a construir, com tecnologia francesa,
quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear, assim
como a compra de 50 helicópteros do modelo EC-725 da empresa
Eurocopter. EFE