Dublin, 13 dez (EFE).- O Governo irlandês suspeitava que os líderes do Sinn Féin, Gerry Adams e Martin McGuinness, conheciam os planos do Exército Republicano Irlandês (IRA) para roubar o Northern Bank em 2004, segundo documentos diplomáticos divulgados pelo WikiLeaks e publicados nesta segunda-feira no jornal "The Guardian".
Em um das mensagens secretas, datada de 2005, é indicado que o então primeiro-ministro irlandês Bertie Ahern tinha "provas consistentes" de que Adams e McGuinness eram membros da cúpula do IRA e, por isso, deviam conhecer os planos do grupo.
O roubo de mais de 30 milhões de euros cometido em dezembro de 2004 no Northern Bank, um dos maiores assaltos da história do Reino Unido, expôs uma suposta face criminosa do IRA e provocou uma profunda crise no processo de paz que atingiu o braço político dessa organização paramilitar, o Sinn Féin.
A pressão sobre este partido obrigou o IRA a empreender seu desarmamento no ano seguinte, embora foram necessários mais dois anos para que o majoritário Partido Democrático Unionista (DUP), do reverendo Ian Paisley, aceitasse formar um Governo compartilhado com um Sinn Féin comprometido com a via democrática.
Desde 2007, Martin McGuinness, que reconhece seu passado como comandante do IRA, ocupa o posto de vice-ministro, enquanto o presidente do partido, Gerry Adams, sempre negou seu envolvimento com o grupo.
Uma mensagem diplomática de 4 de fevereiro de 2005, dois meses depois do roubo, detalha que o embaixador americano em Dublin, James Kenny, havia falado com um alto funcionário do Governo de Ahern, que confessou as suspeitas do "Taoiseach" (primeiro-ministro) com relação a Adams e McGuinness.
O texto assegura que o funcionário explicou que "o GOI (Governo da Irlanda) tinha "provas consistentes" de que Gerry Adams e Martin McGuinness eram membros do comando militar do IRA e que, por esse motivo, o Taoiseach tinha a certeza de que sabiam de antemão sobre os planos do roubo.
Em declarações veiculadas nesta segunda-feira pela "RTÉ", Adams negou as acusações e as atribuiu ao temor do partido Fianna Fáil, de Ahern, com relação às "ambições eleitorais" do Sinn Féin.
Um porta-voz do partido reiterou nesta segunda-feira que não "há uma só prova" que demonstre a implicação do IRA no assalto, ao mesmo tempo em que denunciou a atual campanha de difamação contra a legenda nacionalista. EFE