Cairo, 22 jun (EFE).- O Governo de Damasco acusou nesta quarta-feira responsáveis europeus de participarem de um suposto "complô destinado a semear o caos na Síria", enquanto a oposição fez uma chamada para novos protestos contra o regime.
As críticas foram lançadas pelo ministro de Relações Exteriores sírio, Walid al Muallem, que ofereceu nesta quarta-feira uma entrevista coletiva, transmitida pela televisão, após permanecer quase um mês sem comparecer perante os jornalistas.
Al Muallem rejeitou os comentários de alguns responsáveis europeus sobre o discurso da segunda-feira passada do presidente Bashar al Assad no qual destacou a importância de um diálogo nacional e se comprometeu a continuar com um processo de reformas que, segundo disse, "se atrasou, mas não está parado".
Depois desta mensagem, a União Europeia (UE) rejeitou as palavras do líder sírio e defendeu o endurecimento das sanções contra seu regime e uma pronta condenação da violência por parte do Conselho de Segurança da ONU.
Além disso, a UE ampliou nesta quarta-feira as sanções contra a Síria e incluiu quatro personalidades desse país, a três iranianos e a quatro companhias vinculadas com o Exército. As sanções implicam o congelamento dos ativos e a proibição de viajar para território comunitário.
"O que me preocupa é que há reações que saíram de nossas fronteiras, de responsável europeus conhecidos, alguns dos quais não viram o discurso porque houve uma reunião de ministros de Relações Exteriores da União Europeia em Luxemburgo", acrescentou.
Al Muallem disse que os ministros saíram da reunião para dar uma entrevista coletiva a fim de analisar o discurso do presidente sírio, o que, para o ministro sírio, "é um sinal que têm um complô destinado a semear o caos e o conflito na Síria".
O ministro defendeu o discurso de Al-Assad e assegurou que "O assunto sírio é interno e rejeitamos qualquer ingerência estrangeira", afirmou Al Moualem, que acrescentou: "Não necessitamos condenações de europeus, mas atos".
"Infelizmente - acrescentou - desde o começo da crise nenhum responsável europeu veio para tratar conosco sobre o que ocorre. Dependeram de informações que chegam de fora da Síria e começaram a impor uma série de sanções", aduziu.
O regime de Damasco impôs um ferrenho controle da informação, expulsou correspondentes estrangeiros e deteve ou proibiu jornalistas sírios de colaborarem com jornais internacionais.
Al Muallem destacou, além disso, que pedirá para congelar a participação da Síria na União pelo Mediterrâneo (UPM).
"Eu, como ministro de Relações Exteriores, digo com sinceridade o que disse em 2006 perante o Conselho do Povo: esquecemos que a Europa está no mapa e pedirei a minha direção que congelem nossa participação na União pelo Mediterrâneo", insistiu. EFE