Rio de Janeiro, 30 set (EFE).- O Brasil acumulou nos primeiros
oito meses do ano um superávit fiscal primário de R$ 43,477 bilhões,
o menor valor para o período nos últimos sete anos, informou hoje o
Banco Central (BC).
O valor acumulado até agosto e que o Governo destina a garantir o
pagamento de seus juros da dívida é 57,5% inferior ao do mesmo
período do ano passado e não era tão baixo desde o registrado nos
primeiros oito meses de 2002 (R$ 36,915 bilhões).
O superávit fiscal primário é a diferença entre as receitas e as
despesas do setor público brasileiro e inclui o Governo federal, as
administrações estaduais e municipais e as empresas estatais, mas
não leva em conta os recursos destinados ao pagamento de juros da
dívida.
A queda do superávit fiscal este ano foi atribuída tanto à crise
mundial, que reduziu a atividade econômica e a consequente
arrecadação de impostos, como ao aumento das despesas do Governo
para fazer frente à conjuntura negativa.
Além da redução dos impostos sobre diferentes setores afetados
pela crise, o Governo federal aumentou os recursos destinados a
obras públicas, embora também tenha aumentado significativamente as
despesas com a manutenção de funcionários públicos em seus empregos.
Apesar do resultado inferior ao esperado, o chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, assegurou que o Governo se esforçará
para cumprir sua meta de terminar o ano com um superávit primário
fiscal equivalente a 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
Até dois anos atrás, a meta do Governo era conseguir um superávit
equivalente a 4,5% do PIB, mas este ano, como consequência da crise,
esse índice foi reduzido para 2,5%.
O superávit acumulado até agora em 2009 corresponde a 2,21% do
PIB no período, motivo pelo qual o Governo corre o risco de não
alcançar seu objetivo.
Até agosto, o Brasil destinou R$ 108,31 bilhões para pagar juros
da dívida. O déficit nominal do setor público nos oito primeiros
meses do ano chegou a R$ 64,833 bilhões.
O BC também informou que a dívida líquida do setor público
brasileiro somou em agosto R$ 1,29 trilhão, o que equivale a 44% do
PIB.
A dívida, que em agosto do ano passado era equivalente a 38,8% do
PIB, cresceu nos últimos meses por causa da crise, mas a expectativa
do Governo é que equivalha a 43,3% do PIB no final do ano. EFE