Berlim, 19 jun (EFE).- O presidente do Banco Central Europeu
(BCE), o francês Jean-Claude Trichet, criticou com dureza as
instituições bancárias por seu comportamento após a crise
financeira.
"Todos teriam desaparecido se não os tivéssemos socorrido",
afirma Trichet em declarações adiantadas hoje pelo dominical alemão
"Welt am Sonntag", nas quais ressalta sua incompreensão diante do
fato de que muitos executivos acreditem que podem atuar da mesma
forma como faziam antes da ruína de Lehman em 2008.
O presidente do BCE critica especialmente os excessivos salários,
bonificações e lucros alcançados no curto prazo sem relação com a
economia real, que "não concordam com nossos valores democráticos
fundamentais".
Além disso, defende a decisão do BCE, fortemente criticada pela
Alemanha, de adquirir a partir de 9 de maio a dívida pública de
países em crise como Grécia, Portugal e Irlanda.
"A situação era dramática demais. Europa era nesse momento o
epicentro da crise", explica Trichet aos repórteres do rotativo que
acompanharam seu trabalho ao longo de vários dias.
Trichet considera que os Governos alemão e francês têm uma
apreciável responsabilidade na crise financeira dos Estados, que,
explica, iniciou há seis anos quando França e Alemanha violaram o
Pacto de Estabilidade e Crescimento.
"Gostaria que a opinião pública alemã tivesse reagido com a mesma
indignação diante da ruptura do Pacto de Estabilidade em 2004 como
diante da nossa decisão de comprar dívida pública. Os Governos foram
pouco confiáveis durante meses e anos", assinala finalmente Trichet.
EFE