Bruxelas, 18 jan (EFE).- A União Europeia (UE) aprovou hoje uma
ajuda total ao Haiti de 430 milhões de euros, incluindo auxílio
humanitário urgente e a reconstrução no médio prazo, enquanto estuda
o envio de 150 policiais para aumentar a segurança da distribuição
da assistência.
Em reunião ministerial extraordinária, a UE pediu também
coordenação no transporte e distribuição da ajuda, mas negou
qualquer problema com os Estados Unidos pela gestão da crise ou pelo
envio de forças militares ao país caribenho depois do terremoto da
semana passada.
A União "está preparada para oferecer maior assistência em função
das necessidades, incluindo civis e militares", afirma o documento
aprovado pelos ministros.
Apesar de que a resposta internacional e comunitária foi "rápida"
após o tremor de terça-feira passada, é preciso "mais ajuda e
auxílio", ressaltou a alta representante para Política Externa da
UE, Catherine Ashton, em entrevista coletiva após a reunião.
O comissário europeu de Ajuda Humanitária, Karel De Gucht, disse
que "por enquanto" o dinheiro aprovado para ajuda imediata "é
suficiente", mas ressaltou que é preciso atuar em "logística,
organização e repartição" para que a assistência chegue à população.
A ajuda que aprovou hoje a UE aumenta em 122 milhões de euros de
ajuda humanitária urgente (92 dos países comunitários e 30 da
Comissão Europeia) e outros 107 milhões de euros em auxílio para o
início das tarefas de reconstrução e reabilitação no país.
Além disso, outros 200 milhões de euros estão disponíveis no
orçamento da Comissão Europeia (CE) para a reconstrução no meio e
longo prazo do país.
A UE estuda também o pedido que a ONU transfira à Presidência
espanhola de turno da União para enviar navios que solucionem o
engarrafamento logístico do aeroporto, helicópteros de transporte
para a distribuição de ajuda, policiais analistas em controle de
multidões para a repartição e engenheiros militares para reparar as
estradas.
Uma reunião de embaixadores da UE estuda hoje se a resposta a
esses pedidos será global da União, de um grupo de países-membros ou
nacional.
Um dos elementos-chaves nos quais a UE quer atuar é o da
segurança, para que as tarefas de transporte e distribuição de ajuda
possam ser realizadas de forma eficaz.
Está em estudo o envio de 140 a 150 policiais (como da Guarda
Civil espanhola), apesar de o titular espanhol de Exteriores, Miguel
Ángel Moratinos, não ter detalhado o número de agentes que enviaria
Espanha.
A atitude dos países comunitários diante do pedido "foi bastante
positiva" e "se quer atuar rapidamente", declarou o ministro, quem
ressaltou que este desdobramento "é necessário" para a repartição da
assistência entre a população.
Disse que a Espanha "já reagiu imediatamente", com o envio da
embarcação anfíbio "Galícia", para "atender o apoio logístico que
nos pedia Nações Unidas".
Além disso, indicou que o Governo espanhol avalia o envio de uma
companhia de engenheiros militares para começar a restabelecer as
comunicações no país.
O auxílio ao Haiti será tratado também na cúpula informal de
chefes de Estado e Governo que será realizada em 11 de fevereiro em
Bruxelas, segundo anunciou hoje o presidente do Conselho Europeu,
Herman Van Rompuy.
Além disso, a UE propôs a realização de uma conferência
internacional para a reconstrução de longo prazo do país caribenho,
embora a reunião não tenha sido convocada formalmente, à espera de
um detalhamento melhor das necessidades haitianas.
Na próxima quarta-feira, o comissário Gucht irá ao Haiti e também
à vizinha República Dominicana, com o objetivo de elaborar um
relatório para o Conselho de Ministros de Exteriores da UE da
próxima segunda-feira.
Os responsáveis comunitários descartaram que haja problemas com
os EUA sobre a coordenação da ajuda ou pela presença de soldados
americanos no Haiti e, ao contrário, destacaram a "positiva" ação de
Washington em apoio do país caribenho.
O terremoto de 7 graus na escala Richter ocorreu às 19h53
(Brasília) da terça-feira passada e teve epicentro a 15 quilômetros
da capital haitiana, Porto Príncipe. Segundo declarações à Agência
Efe, o primeiro-ministro do Haiti, Jean Max Bellerive, acredita que
o número de mortos superará 100 mil.
Conforme o Exército brasileiro, pelo menos 16 militares do país
que participavam da Missão de Estabilização das Nações Unidas no
Haiti (Minustah) morreram em consequência do terremoto.
A médica Zilda Arns, fundadora e coordenadora da Pastoral da
Criança, e Luiz Carlos da Costa, o segundo civil mais importante na
hierarquia da ONU no Haiti, também morreram no tremor. EFE