Por William James e Kylie MacLellan
LONDRES/BRUXELAS (Reuters) - A União Europeia concordou com um adiamento flexível de três meses para a separação do Reino Unido nesta segunda-feira, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, voltou a pressionar pela realização de uma eleição agora que oponentes o obrigaram a solicitar uma prorrogação que ele havia prometido nunca pedir.
Poucos dias antes da saída formal da UE, que estava marcada para as 23h do dia 31 de outubro, o Brexit ainda é uma incógnita, e os políticos britânicos não estão próximos de chegar a um consenso sobre como, quando ou até se a ruptura deveria acontecer.
Johnson, que conquistou o cargo mais importante da nação prometendo concretizar o Brexit em 31 de outubro "custe o que custar", foi levado a pedir um adiamento depois que o Parlamento recusou o sequenciamento da ratificação de seu processo de separação.
Os 27 países que permanecerão na UE concordaram nesta segunda-feira em adiar o Brexit até o final de janeiro, mas uma data de saída anterior é possível caso o Parlamento britânico, hoje dividido em facções, ratifique o acordo de separação que Johnson acertou com o bloco.
"Os 27 da UE concordaram em aceitar o pedido do Reino Unido de uma 'flextensão' até 31 de janeiro de 2020", disse o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, em um tuíte, referindo-se ao conceito de uma extensão flexível.
Johnson confirmou em carta nesta segunda à União Europeia sua aceitação formal do adiamento, mas fez um apelo ao bloco para que deixe claro que não poderá haver outra extensão do prazo após 31 de janeiro. Agora os Estados-membros da UE terão 24 horas para aceitar ou rejeitar a resposta britânica.
"Não tenho nenhum poder de decisão sob a Lei da União Europeia (Retirada) (nº 2) do Reino Unido de 2019, que foi imposta a esse governo contra sua vontade, de fazer algo além de confirmar o acordo formal do Reino Unido com essa extensão", disse Johnson em uma carta a Tusk. "Esse prolongamento indesejado da adesão do Reino Unido à UE está prejudicando nossa democracia", disse.
Com a política britânica ainda em um impasse a respeito do cumprimento do Brexit três anos e meio após 52% da população ter votado a favor da desfiliação da UE em um referendo, Johnson está exigindo que o Parlamento aprove uma eleição no dia 12 de dezembro em troca de mais tempo para adotar seu acordo.
Mas ele precisa do apoio de dois terços, ou 434, dos 650 parlamentares para uma nova eleição. A Câmara dos Comuns deve realizar uma votação perto das 19h locais, e o Partido Trabalhista, principal sigla da oposição, deve se abster.