Pequim, 10 set (EFE).- A União Europeia (UE) descarta, por
enquanto, reconhecer oficialmente a China como uma economia de
mercado, o que geraria grandes repercussões em temas como as medidas
antidumping.
A comissária europeia de Comércio, Catherine Ashton, explicou
hoje, em entrevista coletiva em Pequim, que ainda há assuntos
técnicos a serem resolvidos para o pleno reconhecimento e que, por
isso, "as discussões continuam, mas há muito a fazer".
Catherine, em visita oficial à China, afirmou, no entanto, que
vai continuar trabalhando para alcançar esta meta, altamente
reivindicada por Pequim.
A comissária da UE também se referiu às acusações de
protecionismo europeu lançadas por Pequim, negando e minimizando os
problemas.
"O protecionismo não está crescendo na Europa. Do total, 99% do
comércio que temos com a China é efetivo e só 1% restante cria
atritos", afirmou.
Em sua estadia na China, Catherine se reuniu com o ministro de
Comércio chinês, Chen Deming, e prosseguiu o diálogo de alto nível
China-UE realizado em maio, em Bruxelas, com o
vice-primeiro-ministro Wang Qishan.
A comissária europeia insistiu nos temores despertados na
indústria mundial de uma possível "superprodução" chinesa,
especialmente em setores como o aço, impulsionado pelos estímulos
fiscais lançados por Pequim para superar a crise.
"Se não há suficiente demanda interna, os produtos terão que ir
para algum lugar. (...) Todos temos que estar em alerta diante das
consequências", afirmou Catherine, que acrescentou que chegará um
ponto no qual os estímulos deverão ser retirados e as indústrias
voltarão a operar a níveis normais.
A ambição da UE, segundo ela, é recuperar a confiança na China e
estabelecer uma aliança estratégica entre as duas partes.
A UE é o maior parceiro comercial do gigante asiático e o
comércio bilateral total entre a China e os países europeus foi de
326 bilhões de euros em 2008, embora as tensões devido à situação no
Tibete tenham dificultado a relação política no final do ano
passado.
"Não esperávamos que nos estendessem o tapete vermelho",
acrescentou Catherine. EFE