UE inicia reunião para buscar solução para crise da dívida

Publicado 08.12.2011, 18:11
Atualizado 08.12.2011, 18:42

Bruxelas, 8 dez (EFE).- Os líderes da União Europeia (UE) iniciaram nesta quinta-feira uma cúpula de dois dias fundamental para tentar conseguir uma solução definitiva para crise do euro.

Os chefes de Estado e Governo da UE se encontraram nesta noite em um jantar informal, prévio às discussões formais de amanhã, onde já abordaram algumas propostas, repletas de divergências entre as ideias de Alemanha e França e as do presidente do Conselho Europeu, Herman van Rompuy.

A cúpula procura um novo pacto para consagrar a disciplina fiscal nos tratados comunitários, assim como medidas financeiras imediatas para pôr fim à crise.

Em sua chegada, a chanceler alemã, Angela Merkel insistiu em pedir "mais compromisso" com a disciplina orçamentária como requisito para recuperar a credibilidade da moeda única.

"O euro só poderá recuperar sua credibilidade se mudarmos os tratados de maneira a avançarmos rumo a uma união de estabilidade, e espero que a alcancemos" na cúpula, afirmou a alemã.

Já o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que junto com Merkel formou uma frente centrada na disciplina orçamentária e no respeito ao Pacto de Estabilidade e Crescimento, não fez declarações em sua chegada, mas marcou o tom da reunião com seu discurso perante o Congresso do Partido Popular Europeu de Marselha.

Na ocasião, Sarkozy advertiu que, se amanhã não houver acordo neste Conselho Europeu, "não haverá uma segunda oportunidade", e ressaltou que "nunca o risco de explosão foi tão grande".

O jantar desta noite aconteceu após uma reunião prévia do chamado Grupo de Frankfurt (formado por Van Rompuy, Merkel, Sarkozy e os presidentes do Banco Central Europeu, Mario Draghi; da Comissão Europeia, José Manuel Barroso; e do Eurogrupo, Jean-Claude Juncker, assim como a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde).

Essa reunião prévia foi programada para tentar aproximar posturas perante as grandes diferenças entre as propostas de Van Rompuy e as ideias colocadas de forma conjunta por Merkel e Sarkozy.

Algumas das principais diferenças se referem aos mecanismos usados para consagrar nos tratados comunitários a disciplina orçamentária e a supervisão comunitária das contas nacionais; assim como a visceral rejeição franco-alemã aos eurobônus.

Van Rompuy propõe uma solução mista e paralela de reforma de textos: uma mudança de um protocolo a curto prazo e uma modificação dos tratados a longo prazo, enquanto a Alemanha só defende esta segunda opção.

Os primeiros-ministros da Suécia, Fredrik Reinfeldt, e da Finlândia, Jyrki Katainen, descartaram apoiar uma reforma dos tratados, já que consideram que levará tempo demais e não solucionará os problemas econômicos em curto prazo.

A chefe do Governo dinamarquês, Helle Thorning-Schmidt, se mostrou mais flexível ao declarar que "se os países do euro veem que introduzir mudanças no Tratado é parte da solução, estamos dispostos a respaldar essas mudanças".

Quanto às medidas imediatas, a Alemanha rejeita as ideias de Van Rompuy de ampliar o Mecanismo Europeu de Estabilidade e dotá-lo com uma licença bancária, ideia apoiada pela França.

Van Rompuy propõe que o Mecanismo possa recapitalizar diretamente os bancos e ter a natureza de uma instituição de crédito, o que lhe daria acesso aos recursos do BCE, além de ter uma capacidade de empréstimo acima dos 500 bilhões de euros estabelecidos.

Berlim e Paris pretendem antecipar o Mecanismo em um ano e, da mesma forma que Van Rompuy, eliminar o erro cometido pela Alemanha quando convenceu a França há um ano a envolver os credores privados de dívida em um potencial lançamento de bônus.

Juncker, presidente do Eurogrupo e também primeiro-ministro de Luxemburgo, afirmou ao chegar à reunião que não desgosta da ideia de outorgar uma licença bancária ao fundo de resgate.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, insistiu em buscar uma solução que proteja "os interesses do Reino Unido", em referência ao distrito financeiro de Londres, que representa cerca de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do Reino Unido. EFE

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