Estefanía Narrillos.
Bruxelas, 17 set (EFE).- A União Europeia (UE) defenderá na
cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países desenvolvidos e
principais emergentes) em Pittsburgh (Estados Unidos) a continuação
dos planos de reativação econômica e o estabelecimento de regras
vinculativas sobre os bônus concedidos a executivos de bancos.
Os chefes de Estado e Governo dos 27 países-membros da UE
definiram hoje, em um conselho informal convocado pela Presidência
sueca do bloco europeu, uma posição comum para a reunião em
Pittsburgh, que começa na próxima quinta-feira.
"Somos 27 membros e uma voz coordenada", ressaltou o
primeiro-ministro sueco, Fredrik Reinfeldt, ao término da reunião.
Pela Europa, comparecerão à cúpula do G20 Alemanha, França, Reino
Unido e Itália e a UE como bloco, assim como Espanha e Holanda, que
não fazem parte do grupo, mas participaram das reuniões anteriores
em Washington e Londres.
Hoje, os líderes europeus concordaram que ainda não é o momento
de suspender as medidas conjunturais iniciadas para tirar a economia
da crise, mas consideraram que se faz necessária uma estratégia
coordenada para eliminá-las com o objetivo de evitar uma escalada do
déficit e da dívida públicos.
"Os estímulos devem ser mantidos até que a recuperação se
confirme", ressaltou Reinfeldt em entrevista coletiva, ao alertar
que com déficits superiores a 10% do PIB em alguns países, "é
preciso começar a pensar na estratégia de saída".
Reinfeldt lembrou que, por trás da atual crise, está o excessivo
endividamento das famílias e destacou que a solução não pode ser um
maior endividamento dos países.
"Temos que voltar a ter finanças públicas saneadas", insistiu o
primeiro-ministro sueco, que reconheceu, no entanto, que a situação
da economia é ainda muito incerta e os riscos persistem, motivo pelo
qual a "estratégia de saída" não pode ser aplicada ainda.
A outra grande prioridade dos europeus para a cúpula de
Pittsburgh é fixar limites às remunerações variáveis no setor
bancário, conscientes da irritação que provoca na opinião pública um
eventual retorno das gratificações milionárias após a ajuda pública
concedida a muitas entidades bancárias à beira da quebra.
Embora as autoridades americanas já tenham demonstrado suas
reservas quanto a intervir neste âmbito, os europeus vão propor para
os outros membros do G20 a imposição de regras vinculativas sobre os
incentivos nos bancos, "respaldadas pela ameaça de sanções em nível
nacional".
O objetivo é que haja uma ligação clara entre as retribuições e
os resultados no longo prazo.
Para isso, entre outras limitações, as gratificações só poderiam
representar uma percentagem da remuneração fixa ou dos lucros do
banco. Além disso, fica impedida a execução das opções sobre ações
ou a venda das ações, até certo prazo, e haveria um bloqueio sobre a
cobrança de incentivos em caso de resultados negativos.
"Concordamos em dizer 'basta'", disse em entrevista coletiva o
primeiro-ministro sueco e presidente rotativo da UE, Friedrik
Reinfeldt.
"Temos que abandonar a atual cultura das premiações (aos
diretores do setor financeiro), baseadas nos resultados no curto
prazo. Do nosso ponto de vista, a bolha dos bônus estourou hoje",
afirmou Reinfeldt.
Para o primeiro-ministro sueco, não é possível que os bancos,
alguns dos quais devem sua sobrevivência ao dinheiro dos
contribuintes, "tirem vantagem de seus bons resultados futuros" e
finjam que a crise "foi um contratempo menor".
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, de quem partiu a ideia de
regular os incentivos nos bancos, ressaltou que "a Europa está unida
em torno de uma forte mensagem: não queremos que isto volte, que o
escândalo das gratificações continue".
Uma iniciativa que não obteve apoio hoje foi a apadrinhada pela
chanceler alemã, Angela Merkel, de promover uma nova taxa sobre as
transações financeiras.
Em nome da Presidência da UE, Reinfeldt a descartou
taxativamente, enquanto o primeiro-ministro do Reino Unido, Gordon
Brown, alegou dificuldades para sua aplicação prática. EFE