SÃO PAULO (Reuters) - Um reajuste de 10 por cento nos salários dos bancários representa um aumento no desafio dos bancos de manter crescimento das despesas abaixo da inflação, afirmou nesta segunda-feira o presidente do Bradesco (SA:BBDC4), Luiz Carlos Trabuco, em evento com empresários.
O Comando Nacional dos Bancários recomendou neste final de semana aprovação da proposta de reajuste salarial em 10 por cento apresentada pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), o que pode marcar o fim da greve da categoria que completa 21 dias nesta segunda-feira.
"Aumenta o desafio para todos os bancos de manter o controle dos custos", disse Trabuco a jornalistas.
Diante da expansão quase nula do crédito no Brasil neste ano, dada a recessão da economia, inflação e juros altos, os bancos do país, incluindo o Bradesco, têm enfatizado o foco no controle de custos como meio de evitar uma queda acentuada da rentabilidade.
De forma geral, a meta dos bancos é manter o ritmo de crescimento das despesas em nível inferior ao da inflação. Em 12 meses até junho, as despesas administrativas do Bradesco haviam crescido 7,4 por cento.
A expectativa média dos economistas para a inflação medida pelo IPCA em 2015 é de 9,85 por cento em 2015 e de 6,22 por cento em 2016, segundo a pesquisa semanal Focus, divulgada nesta segunda-feira.
O Bradesco abre a temporada de divulgação de resultados do terceiro trimestre dos grandes bancos brasileiros na próxima quinta-feira, antes da abertura da Bovespa.
PARA COMEMORAR
Para Trabuco, apesar do cenário econômico adverso, há o que comemorar em relação a 2015, como a melhora das contas externas do país, devido à redução do déficit nas transações correntes, e a explicitação dos problemas fiscais, que levará o governo a resolvê-lo para reduzir a pressão sobre a política monetária.
"Além disso, com o câmbio nesse nível, o Brasil está se tornando extremamente apetitoso para o investidor estrangeiro", concluiu.
(Por Aluísio Alves)