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Novo gabinete japonês toma posse sob pressão da economia e da crise nuclear

Publicado 02.09.2011, 10:29
Atualizado 02.09.2011, 10:50

Maribel Izcue.

Tóquio, 2 set (EFE).- O novo governo do Japão assumiu o poder nesta sexta-feira com uma equipe próxima ao primeiro-ministro, Yoshihiko Noda, que tem a enorme tarefa de aplicar amplas reformas, enfrentar a crise nuclear e lidar com uma economia debilitada.

Nesta sexta-feira, Noda, nomeado primeiro-ministro pelo Parlamento há três dias, tomou posse formal do cargo ao lado de seus 17 ministros diante do imperador, Akihito, que em seus 22 anos de reinado já repetiu esta cerimônia em 16 ocasiões, ao ritmo da instabilidade da política japonesa.

Com a enfraquecida economia como grande protagonista do programa de governo, Jun Azumi assumiu a pasta de Finanças e causou surpresa por ser relativamente jovem (49 anos em um gabinete que tem média de 58) e, sobretudo, pouco conhecido.

Azumi, que é de uma das áreas arrasadas pelo devastador tsunami de março, foi responsável de Assuntos Parlamentares do governista Partido Democrático do Japão (PDJ) e, por isso, mantém úteis conexões com os partidos da oposição.

Isso, segundo os analistas, foi um fator-chave para sua nomeação, já que permitiria agilizar a tramitação de medidas fundamentais em um Parlamento dividido, cuja Câmara Alta é controlada pela oposição.

Azumi deverá encontrar o equilíbrio para financiar a reconstrução do nordeste do Japão sem disparar ainda mais a já elevada dívida pública, de mais que o dobro do Produto Interno Bruto (PIB), a maior de um país industrializado.

Para isso, o governo prevê realizar um corte de gastos desnecessários antes de eventualmente aplicar a impopular medida de elevação de impostos, da qual Noda, que era ministro das Finanças até esta semana, se mostrou firme defensor.

Em sua primeira entrevista coletiva, o primeiro-ministro reconheceu que a economia será a prioridade de seu governo e afirmou que o Executivo lutará para controlar as altas do iene, sem descartar a intervenção no mercado de divisas quando considerar necessário.

Junto com a economia, o sucessor de Naoto Kan, que renunciou na terça-feira após receber duras críticas pela gestão do terremoto de março, deixou claro que sua administração também centrará seus esforços em pôr fim à crise nuclear criada após o desastre.

Prova disso foi a decisão de Noda de manter Goshi Hosono, que com 40 anos é o membro mais jovem do gabinete, como ministro a cargo da gestão da crise nuclear.

A permanência de Hosono foi recebida com alívio, visto que havia temores de que a mudança de governo desacelerasse os esforços para resolver os problemas causados pelo acidente na usina nuclear de Fukushima, que obrigou dezenas de milhares de pessoas a se deslocar e causou danos milionários na indústria alimentícia da região.

Como ministro das Relações Exteriores, o novo líder japonês elegeu o ex-ministro de Estratégia Nacional Koichiro Gemba, um admirador de Winston Churchill de 47 anos que já antecipou que a aliança entre Japão e Estados Unidos seguirá sendo essencial para a diplomacia japonesa.

A pasta da Defesa foi assumida por Yasuo Ichikawa, um veterano de 69 anos procedente dos pequenos partidos que acabaram fundando o PDJ no final dos anos 1990.

Ao posto de ministro porta-voz, Noda encarregou Osamu Fujimura, considerado seu braço direito e que substituirá Yukio Edano, cujos contínuos discursos aos meios de comunicação no mês seguinte ao terremoto entrarão para a história do jornalismo japonês.

Há apenas duas mulheres no novo governo do Japão: Renho, uma ex-apresentadora de televisão conhecida apenas por seu primeiro nome e que foi indicada para o Ministério de Reforma Administrativa, e Yoko Komiyama, de 62 anos, nomeada ministra da Saúde.

Espera-se que o gabinete de Noda dialogue com a oposição e continue as políticas de Naoto Kan, que não conseguiu aplicar nenhuma das grandes reformas que o PDJ defendia quando venceu as eleições de agosto de 2009.

Uma grande reestruturação do sistema da previdência social e o saneamento das contas públicas são as grandes questões pendentes dos sucessivos governos do PDJ, que ainda precisa enfrentar as consequências da tragédia de março. EFE

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