Bruxelas, 15 fev (EFE).- Os países da zona do euro estão estudando adiar a entrega da ajuda internacional de 130 bilhões de euros à Grécia para depois das eleições antecipadas de abril, disseram fontes diplomáticas nesta quarta-feira à Agência Efe.
"Sim, isto está sendo discutindo, mas não é uma proposta formal", afirmaram as fontes. De acordo com elas, Alemanha, Holanda e Finlândia defendem essa ideia. Estes países possuem a máxima classificação creditícia triplo A e são mais inflexíveis com o resgate grego, porque precisam da autorização de seus Parlamentos.
Os ministros de Finanças da zona do euro realizam uma conferência telefônica para analisar a situação da Grécia, antes da reunião do Eurogrupo da segunda-feira, quando poderia ser dado o sinal verde ao plano de resgate, se Atenas cumprir com as exigências de Bruxelas.
No encontro do Eurogrupo de terça-feira começaram as discussões sobre um possível atraso de parte ou inclusive de todo o resgate à Grécia, quando a ideia de que "é difícil acreditar nas promessas de alguém que talvez não esteja no poder após as eleições" foi divulgada pelos três partidos que formam a coalizão governamental liderada por Lucas Papademos, disseram as fontes.
Um atraso do pacote permitiria "ganhar tempo", disseram as fontes, e os ministros voltarão a tratar esta possibilidade na segunda-feira na reunião ordinária do Eurogrupo.
As fontes citadas reconhecem que a fórmula - separar a troca de bônus entre o Governo de Atenas e o setor privado da injeção de ajuda internacional - acrescentaria incerteza à situação grega, embora "no fundo exista a perspectiva das eleições de abril", disseram.
O tempo pressiona, no entanto, já que Atenas tem que enfrentar o vencimento de 14,5 bilhões de euros em bônus no dia 20 de março.
Os Estados-membros parecem estar de acordo que, antes de aplicar a troca de bônus que ajuda o perdão de 50% da dívida, devem ser incluídas as outras peças do resgate, como um corte adicional de 325 milhões de euros e a análise sobre a sustentabilidade do débito, assim como o grau de participação dos bancos no resgate que por enquanto não está pronto.
Fontes diplomáticas holandesas negaram que esta seja a posição oficial de seu país, e disseram desconhecer se as negociações avançaram nesta direção nas últimas horas.
Já algumas fontes germânicas afirmaram que a posição de Berlim foi reiterada nesta quarta-feira pelo porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, quando negou categoricamente os rumores que apontavam que o Executivo começaria a considerar a quebra da Grécia como algo "inevitável e aceitável".
O ministro de Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, mostrou em declarações a emissoras de rádio sua impaciência com os conservadores gregos do partido da Nova Democracia (ND).
O líder da ND, Antonis Samarás, se comprometeu por escrito a realizar as reformas exigidas pela "troika" (Banco Central Europeu, União Europeia e Fundo Monetário Internacional), inclusive se ganhar as eleições de abril, embora tenha incluído algumas condições e a possibilidade de renegociar e modificar o programa de ajustes e reformas. EFE