BRUXELAS (Reuters) - A viagem do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Europa nesta semana assinalará que o multilateralismo sobreviveu aos anos Trump, e preparará o cenário para uma cooperação transatlântica em desafios que vão de China e Rússia à mudança climática, disse o presidente das cúpulas da União Europeia.
"A América voltou", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, usando o bordão que Biden adotou depois que o ex-presidente Donald Trump retirou Washington de várias instituições multilaterais e, a certa altura, ameaçou romper com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
"Isto significa que voltamos a ter um parceiro muito forte para promover a abordagem multilateral... uma grande diferença do governo Trump", disse Michel a um grupo de repórteres em Bruxelas na noite de segunda-feira.
Michel e a chefe do Executivo da UE, Ursula von der Leyen, encontrarão Biden no dia 15 de junho, o que acontecerá após uma cúpula do G7 no Reino Unido e uma reunião de presidentes de nações da Otan em Bruxelas no dia 14 de junho.
Michel disse que a ideia de que "o multilateralismo voltou" é mais do que um slogan, é um reconhecimento de que uma abordagem global é necessária para resolver problemas, sejam cadeias de suprimento para vacinas contra Covid-19 ou impostos corporativos mais justos na era digital.
Ele disse que a cúpula de três dias do G7 na Cornualha, Inglaterra, pode ser um "divisor de águas importante" que mostraria um compromisso político sério por trás das promessas de Biden de "reconstruir melhor" na esteira da devastação econômica da pandemia de coronavírus.
Também seria uma oportunidade de tratar da pressão sentida por democracias liberais, disse Michel, que espera haver um debate do G7 sobre a necessidade de o Ocidente adotar uma abordagem mais proativa na defesa de seus valores frente à ascensão da China e a assertividade russa.
Michel disse que conversou durante 90 minutos com o presidente russo, Vladimir Putin, na segunda-feira, dizendo-lhe que Moscou precisa mudar de comportamento se quiser relações melhores com as 27 nações da UE.
A UE e a Rússia discordam em diversos temas, como os direitos humanos, a intervenção russa na Ucrânia e o tratamento de Moscou a Alexei Navalny, crítico do Kremlin atualmente preso, e Michel disse que as relações entre as partes estão em baixa.
(Por John Chalmers)