Por Silvia Aloisi e Hanna Rantala
VENEZA, Itália (Reuters) - O diretor espanhol Pedro Almodóvar lança luz sobre as dezenas de milhares de pessoas que desapareceram durante a guerra civil espanhola e a ditadura de Francisco Franco em seu novo filme, "Mães Paralelas", que inaugura o Festival Internacional de Cinema de Veneza nesta quarta-feira.
Estrelado por Penélope Cruz, que vive uma das duas mulheres que dão à luz no mesmo hospital de Madri no mesmo dia, o filme é uma reflexão sobre a maternidade e a importância dos laços familiares, mas também analisa um capítulo doloroso da história da Espanha, com o qual o país ainda sofre para fazer as pazes.
Quase 50 anos após a morte do general Francisco Franco, mais de 100 mil vítimas das execuções sumárias realizadas durante a guerra civil de 1936-39 e o governo autoritário que a sucedeu continuam enterradas em covas sem identificação espalhadas por todo o país.
"Quis dar visibilidade a este tópico, e acredito que na Espanha, depois de 85 anos, até saldarmos esta dívida que temos com os desaparecidos, não conseguiremos encerrar o capítulo de nossa história recente", disse Almodóvar a repórteres.
Ele disse que seu país ainda reluta em confrontar seu passado conturbado e polarizador, apesar de algumas medidas tomadas pelo governo nos últimos anos para financiar a localização de covas coletivas e a identificação dos mortos.
Cruz disse que se sente "a garota mais sortuda do mundo por poder trabalhar com ele durante tantos anos, sete projetos diferentes e tantas personagens diferentes".