Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu transferir a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) para o Ministério da Casa Civil, com uma medida provisória devendo ser editada nos próximos dias com a formalização da mudança.
As informações foram confirmadas pela assessoria de comunicação da Casa Civil à Reuters.
A iniciativa aumentará as atribuições do chefe da Casa Civil, Rui Costa, e indica um esvaziamento do GSI, atualmente sob o comando do general da reserva Gonçalves Dias.
A medida ocorre após críticas à Abin e aos serviços de inteligência em razão das falhas na prevenção para evitar que ocorresse o ataque e depredação do Palácio do Planalto e das sedes dos outros dois Poderes em 8 de janeiro por uma multidão de bolsonaristas.
Em entrevista à Globo News em 18 de janeiro, Lula criticou duramente a atuação preventiva desses órgãos.
"Aqui nós temos inteligência do Exército, nós temos inteligência do GSI, nós temos inteligência da Marinha, nós temos inteligência da Aeronáutica, ou seja, a verdade é que nenhuma dessas inteligências serviu para avisar ao Presidente da República que poderia ter acontecido isso", disse.
"Se eu soubesse, na sexta-feira, que viriam oito mil pessoas aqui, eu não teria saído de Brasília. Eu não teria. Eu saí porque estava tudo muito tranquilo, até porque a gente estava vivendo ainda a alegria da posse", reforçou ele, na ocasião.
Embora seja um órgão civil, a Abin também deve passar por um processo de desmilitarização, com a saída de integrantes das Forças Armadas, da ativa ou da reserva.
O próprio presidente também já demonstrou publicamente desconfiança em relação à atuação de militares e órgãos de inteligência.